Nas pegadas da dissimulação: um estudo sobre as novas figuras da ideologia a partir de Claude Lefort e Pierre Bourdieu

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Costa, Martha Gabrielly Coletto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-09062015-120030/
Resumo: O eixo principal que estrutura este trabalho é, num sentido amplo, a busca pelo entendimento dos modos de dominação característicos das sociedades modernas. É nessa direção que retomamos a clássica noção de ideologia cunhada em seu teor crítico pela obra de Karl Marx , pois ela aponta, no interior das sociedades capitalistas, para o processo social de produção de ideias, valores e representações cuja função é ocultar e legitimar as divisões de uma determinada ordem social. Nosso objetivo é acompanhar os desdobramentos desse debate na cena francesa do século XX, elegendo duas importantes contribuições: uma fornecida pelo filósofo Claude Lefort, outra, pelo sociólogo Pierre Bourdieu. Embora situados em campos disciplinares diferentes, os trabalhos de Lefort e Bourdieu confluem em direção a uma reformulação das bases a partir das quais os fenômenos ideológicos são tratados, ampliando as perspectivas de análise e lançando uma nova luz sobre eles. Tecida por uma relação crítica com o marxismo, a trajetória lefortiana permite acompanhar o trabalho histórico de um pensamento que busca apreender o surgimento, a especificidade, as formas e as transformações da ideologia nas sociedades modernas. Os trabalhos de Bourdieu, por sua vez, desvelam e caracterizam o modo de dominação moderno concebido enquanto violência simbólica, fenômeno baseado no acordo objetivamente orquestrado entre as estruturas sociais objetivas e as estruturas cognitivas dos agentes. Envolvendo e ultrapassando a noção de ideologia, a violência simbólica é operante na medida em que os agentes participam da dominação e conferem a ela um reconhecimento baseado no desconhecimento dos mecanismos pelos quais a ordem social se produz, reproduz e se legitima. Situando suas heranças e distanciamentos perante a tradição inaugurada por Marx, buscamos refletir sobre o alcance das concepções que esses dois pensadores nos legaram: ideologia enquanto recusa da historicidade, do conflito e da indeterminação constitutiva do político, em Lefort, e enquanto conjunto de práticas e estilos de vida fundados na dominação simbólica, em Bourdieu.