Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
1960 |
Autor(a) principal: |
Teixeira, Alcides Ribeiro |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/0/tde-20240522-110420/
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Resumo: |
Há suficiente evidência de que as microestruturas do carpóforo dos fungos poliporáceos são caracteres muito mais estáveis do que aquêles da morfologia externa do corpo de frutificação; sôbre os quais possa ser baseado um sistema de classificação dêsses organismos. Dentre as microestruturas do carpóforo, o basídio ainda permanece como a mais importante, sob o ponto de vista sistemático. E êle empregado para distinguir ordens e até mesmo algumas famílias dos himenomicetos. Na família Polyporaceae, caracteres como formato dos basídios, presença ou ausência de estrutura. favolóide nas paredes dos tubos ("honeycomb structure"), assim como presença ou ausência de camadas de células pequenas, mais ou menos isodiamétricas no subhimênio, no presente estágio do conhecimento científico do assunto, não devem ser usados como segregantes de gêneros, a não ser que se queiram subdividir essa família em um número muito elevado de gêneros - o que, naturalmente, está dentro das possibilidades de ser feito, porquanto "gênero" nada mais é que um conceito. O estudo da presença ou ausência de ansas nas hifas generativas dos fungos poliporáceos tem um interêsse particular devido à importância que têm essas extruturas na filogenia dos basidiomicetos. Se aceitamos a teoria de que as ansas dos basidiomicetos são homólogas aos "croziers" das hifas ascógenas dos ascomicetos, temos então que admitir que ou uma classe evoluiu a partir da outra, ou ambas as classes evoluíram de um ancestral comum, que possuía essas estruturas. Atualmente tem sido aceito pela maioria a teoria de que os basidiomicetos não só tiveram origem a partir dos ascomicetos, e de formas cujas hifas ascógenas possuíam ansas, mas também o seu grupo ancestral tinha que ser um no qual pelo menos alguns membros possuíam ansas. Portanto, ansas são elementos dos mais importantes no estudo da origem evolucionária dos basidiomicetos; elas já existiam antes que qualquer asco houvesse sido modificado em basídio; daí a importância do estudo dessas estruturas em um dos grupos mais avançados doa basidiomicetos - os poliporáceos - para determinar que espécies, ou grupo de espécies, ainda apresentam ansas, assim retendo a maneira ancestral de reprodução de suas células, A presença ou ausência da ansas nas hifas generativas é um caráter genéticamente constante para cada espécie. Devido à importância filogenética dessas extruturas, espécimes com e espécimes sem ansas não devem ser considerados congenéricos. As hifas generativas, sendo as que dão origem a tôdas as demais estruturas presentes no carpóforo, são essenciais ao ciclo biológico e estão presentes em todos os corpos de frutificação. Elas devem ser consideradas de primeira importância no processo da segregação de gêneros dentro da família Polyporaceae. O caráter das ramificações especializadas das hifas generativas também tem grande valor taxonômico e deve ser considerado em qualquer sistema moderno para a taxonomia dos poliporáceos. O caráter da cobertura do píleo pode ser empregado como auxiliar na segregação de gêneros dentro dessa família, se considerarmos a origem e a real construção da estrutura da superfície. Essa estrutura é genéticamente constante para cada espécie, sendo que os têrmos criados por H. e K. Lohwag são suficientemente descritivos para serem usados com vantagem, desde que a classificação venha acompanhada de uma descrição correta da origem da estrutura. As estruturas especializadas, muitas vêzes encontradas no himênio e no subhimênio, como setas, hifas setiformes e todos os tipos de cistídios, têm provado ser de grande valor taxonômico na separação de espécies de fungos poliporáceos. Qualquer micologista moderno, que tencione organizar um bom sistema para a classificação da família Polyporaceae, deverá fazer uso dos característicos dessas estruturas em suas chaves para separação das espécies. Tais estruturas são sempre bastante características e são genéticamente constantes para cada espécie. Elas deviam ser tomadas mais em consideração no processo de segregação de gêneros dentro dessa família. Todavia, como até o presente não há nenhum estudo minucioso e cuidadoso quanto à presença ou ausência de tais estruturas na maioria das espécies de poliporáceos, deve-se tomar o máximo cuidado no uso dêsses "corpos estéreis" como caracteres diferenciais de gêneros de Polyporaceae. Quanto aos esporos, a tendência dos modernos micologistas é para dar-lhes a máxima importância taxonômica na segregação de gêneros de Polyporaceae. Por exemplo, espécimes pertencentes ao gênero Ganoderma deverão ter aquêle tipo peculiar de esporos, conhecidos como "ganodermatóides"; espécimes do gênero Bondarzewia precisam mostrar esporos globosos e equinulados; espécimes de Boletopsis precisam ter esporos asperulados e irregularmente subglobosos, e assim por diante. A côr dos esporos é também de grande importância taxonômica. Espécimes com esporos tipicamente hialinos não devem ser colocados no mesmo gênero que espécimes com esporos coloridos. Quanto ao caráter "amiloide", apresentado por hifas, cistídios, basídios, ou esporos de certas espécies, ainda é cedo para generalizar-se o seu valor taxonômico no processo de segregação de gêneros de Polyporaceae, porquanto as pesquisas sôbre essa pecu1iar reação ainda estão no início, e pouquíssimas são as espécies já estudadas sob êsse ângulo. Levando em consideração os resultados obtidos nas presentes pesquisas, foi possíve1 fazer-se uma revisão do gênero Fomes, o qual, dentro do conceito aqui defendido, compreende as seguintes espécies conhecidas: Fomes fomentarius (L. ex Fries) Kickx (o typus do gênero), F. fasciatus (Swartz ex Fries) Cooke, e F. hemitephrus (Berk.) Cooke, cujas descrições detalhadas mostram a grande similaridade microestrutural existente entre os espécimes que as compõem. |