Avaliação da presença de drogas de abuso em amostras de sangue colhidas de vítimas fatais de acidentes de trânsito na Região Metropolitana de Vitória-ES

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Pelição, Fabrício Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60134/tde-17042015-111424/
Resumo: Dirigir sob a influência de álcool e drogas ilícitas tem sido um tema de crescente preocupação em países desenvolvidos, contudo a pesquisa toxicológica de outras drogas, que não o álcool, em vítimas fatais de acidentes de trânsito ainda é pouco estudada. Este estudo realizou a pesquisa toxicológica de álcool e drogas ilícitas (cocaína, anfetaminas e cannabis) em 391 vítimas fatais de acidentes de trânsito atendidas pelo DML de Vitória - ES, durante os anos de 2011 e 2012. As vítimas foram compostas por 337 homens (86,2%) e 54 mulheres (13,8%), com média de idade de 37 anos (mínimo 16 e máximo 83). Amostras coletadas de motoristas representaram 59% do total de amostras (n=230), enquanto passageiros e pedestres foram responsáveis por 14% e 12%, respectivamente (n=56 e n=46). Os acidentes automobilísticos foram responsáveis por 178 mortes (46%), seguidos por acidentes motociclísticos, com 149 mortes (38%) e por atropelamentos, com 59 mortes (15%). Para a pesquisa toxicológica de drogas ilícitas em amostras de sangue total, um método analítico combinando extração em fase sólida e análise quantitativa dos analitos por GC-MS foi desenvolvido e validado. Os analitos pesquisados foram: cocaína, cocaetileno, éster de metil ecgonina (EME), éster de metilanidroecgonina (EMA), anfetamina, metanfetamina, MDMA, MDA, MDEA, femproporex, anfepramona, Delta-9 THC e 11-nor-9-Carboxi-?9-THC. A pesquisa toxicológica dos casos estudados determinou que 44,8% destes foram positivos para álcool e/ou drogas ilícitas. Não foram evidenciadas diferenças entre motoristas, passageiros e pedestres (motoristas = 45,9%, passageiros = 46,4% e pedestres = 45,6%). A detecção de álcool e/ou drogas foi mais frequente em vítimas do sexo masculino com idades entre 16 e 34 anos, positivos em 46,8% dos casos. Em geral, a droga mais prevalente foi o álcool, com 141 casos positivos (36,1%), dos quais apenas nove (2,3%) apresentaram alcoolemia inferior a 6 dg/L, seguida pela cocaína, com 47 casos positivos (12%). Anfetaminas e cannabis tiveram positividades de 4,1%, com 16 casos positivos, cada. O uso simultâneo de álcool e outras drogas foi encontrado em 36 casos, correspondendo a 9,2% das vítimas e o uso de crack foi comprovado em 27,7% dos casos positivos para cocaína através da detecção do EMA. O alto índice de casos positivos em vítimas fatais de acidentes de trânsito sugere relação com o risco aumentado ao conduzir veículos automotores sob o efeito de álcool e/ou drogas ilícitas. Para a efetiva diminuição dos acidentes de trânsito relacionados ao uso de álcool e/ou drogas ilícitas, sugere-se a intensificação de ações de fiscalização direcionadas ao uso do álcool por motoristas, a formulação de leis do tipo per se, que definam quais drogas deverão ser pesquisadas no contexto do trânsito, e o estabelecimento do chamado consentimento implícito para fornecimento de amostras para realização de análises toxicológicas, visando a segurança do coletivo em detrimento de direitos individuais, como o de se recusar a fornecer amostras para realização de exames toxicológicos.