Complicações e desconfortos em colecistectomias videolaparoscópicas: relação com as variáveis pré-operatórias e intraoperatórias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Fernandes, Carolina Nóvoa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-12092014-134946/
Resumo: Introdução: A colelitíase é uma das afecções do sistema digestório mais frequente, acometendo 20% da população adulta. Atualmente, a colecistectomia videolaparoscópica (CVL) é o tratamento de escolha nas doenças benignas da vesícula biliar, inclusive, na colecistite aguda. Entretanto, independente dos benefícios indiscutíveis da cirurgia minimalmente invasiva, esse procedimento não exclui a possibilidade de complicações ou desconfortos ao paciente no pós-operatório. Objetivo: Identificar a relação entre as variáveis pré e intra-operatórias e as ocorrências de complicações e desconfortos pós-operatórios em pacientes submetidos à CVL. Casuística e método: Trata-se de um estudo retrospectivo, do tipo descritivo, exploratório, de nível I e com abordagem quantitativa. A amostra do estudo foi composta por 495 prontuários de pacientes submetidos à CVL, em caráter eletivo no Hospital Estadual de Diadema, no período entre janeiro de 2009 e agosto de 2012. Os dados foram obtidos com base no preenchimento de um instrumento semiestruturado, contendo: dados demográficos, variáveis clínicas do pré, intra e pós-operatórias. O estudo estatístico foi realizado no sistema SPSS 15.0, sendo adotado o nível de significância de 5%. Resultados: Na amostra estudada houve: predominância do feminino (89,5%), residentes em Diadema (46,5%), estado civil casado (43,4%), baixa escolaridade (58%) e média de idade 48 anos (18 a 89 anos). A comorbidade mais prevalente foi obesidade (41%), seguida por hipertensão arterial (40,6%) e Diabetes mellitus tipo II (12,5%). A maior parte da amostra foi classificada como ASA II (55,8%), todos receberam cefazolina como antibioticoprofilaxia e 64% fizeram uso de Midazolan, como medicação pré-anestésica. Aproximadamente, a metade da população (49,3%) usou fármacos inalatórios, propofol, opióides e bloqueador neuromuscular no intra-operatório. Em relação a outras drogas utilizadas nesse período, 57,6% fizeram uso analgésico isolado (dipirona), 52,3% receberam anti-inflamatório (tenoxican) e 62,2% foram submetidos à terapia anti-emética com metoclopramida ou dimenidrato. O tempo cirúrgico médio foi de 80,5 minutos e a permanência média hospitalar de 43,7 horas. A prevalência de complicações ou desconfortos foi de 54,5% na sala de recuperação pós-anestésica (SRPA) e de 51,7% na enfermaria médico-cirúrgica (EMC). Os eventos de maior ocorrência na SRPA foram hipertensão (46,5%), dor (8,5%) e náuseas e vômitos (5,5%), e na EMC, foram dor (32,5%), náuseas e vômitos (19,2%). A análise de regressão logística indicou a associação com o aparecimento de complicações e desconfortos na SRPA para as seguintes variáveis (OD Odds ratio, IC intervalo de confiança a 95%): idade (OR= 1,02 IC 1,01-1,04); ASA II (OR= 1,59 IC 1,03-2,45); e uso de cloridrato de tramadol no intra-operatório (OR= 0,57 IC 0,39-0,83). Na EMC, foram encontradas as seguintes associações: uso de dipirona no intra-operatório (OR= 0,41 IC 0,18-0,94); hipotireoidismo (OR= 0,33 IC 0,14-0,81); e tempo cirúrgico (OR= 1,57 IC 1,102,24). Conclusão: A idade, a classificação ASA e o tempo cirúrgico influenciaram no aparecimento de complicações ou desconfortos pós-operatórios. Em face dos dados obtidos, o enfermeiro deve estar apto a avaliar e identificar as condições precoces que possam indicar a ocorrência desses eventos e promover, em conjunto com a equipe multiprofissional, o conforto do paciente e seu sucesso terapêutico.