Modelo preditivo do risco de readmissão hospitalar no contexto brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Dias, Bruna Moreno
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-08032023-154901/
Resumo: A readmissão hospitalar tem sido utilizada como indicador de resultado assistencial. Tendo em vista que, as readmissões são consideradas evitáveis, expõem os pacientes a riscos desnecessários e representam custos excessivos, torna-se relevante a identificação de pacientes com risco elevado de readmissão. Nesta perspectiva, diversos modelos preditivos foram desenvolvidos, dentre os quais destaca-se o índice LACE (L - length of stay; A - acuity of the admission; C - Charlson comorbidity index score; e E - emergency department use), instrumento de fácil aplicação, estruturado em dados frequentemente disponíveis nos serviços de saúde e com resultado clinicamente relevante. Objetivo: analisar a capacidade de predição de readmissão hospitalar por meio de escore de identificação de risco de readmissão no contexto brasileiro. Métodos: estudo observacional analítico retrospectivo realizado em hospital geral com importante inserção na rede de atenção à saúde. Foram consideradas elegíveis todas as internações hospitalares cujas altas ocorreram no período de janeiro a dezembro de 2019. Foram analisadas as variáveis: idade, faixa etária, sexo, diagnóstico principal e secundários, procedência, tempo de permanência, caráter da internação, Índice de Comorbidade de Charlson, visitas à emergência e índice LACE. Análise realizada segundo linhas de cuidado, condições de interesse e grupos etários. Os dados demográficos e a caracterização da internação foram analisados de acordo com o desfecho (readmitidos ou não readmitidos), por meio do teste não paramétrico de Mann-Whitney e do teste do qui-quadrado. A análise da capacidade preditiva do escore foi realizada por meio da medida de discriminação com cálculo da área sob a curva de características operacionais do receptor. Resultados: 22.687 pacientes foram incluídos, dos quais 13,44% apresentaram readmissão em até 30 dias. A mediana do índice LACE foi de 5 (IIQ: 3,00; 8,00) e foi superior para pacientes readmitidos 6,00 (IIQ: 4,00; 9,00), p<0,001. 12,86% dos pacientes foram classificados como de risco elevado de readmissão e a discriminação do índice foi de 0,561 (IC: 0,549; 0,572). Na análise do índice LACE nas linhas de cuidado, condições de interesse e faixas etárias, observou-se diferença entre readmitidos e não readmitidos para as doenças cardiovasculares (p=0,002), câncer (p=0,003), menores de 5 anos (p<0,001), crianças e adolescentes (p<0,001), adultos (p<0,001), idosos (p<0,001). A discriminação por grupo de análise foi de 0,524 (p=0,209) para as Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária, 0,542 (p=0,374) para Diabetes Mellitus, 0,416 (p=0,244) para Hipertensão Arterial Sistêmica, 0,548 (p=0,004) para Doenças cardiovasculares, 0,644 (p=0,096) para Acidente Vascular Cerebral, 0,525 (p=0,546) para Doenças respiratórias crônicas, 0,539 (p=0,003) para Câncer, 0,591 (p<0,001) para menores de cinco anos, 0,593 (p<0,001) para crianças e adolescentes, 0,543 (p<0,001) para adultos e 0,539 (p<0,001) para idosos. Conclusões: as diferenças observadas entre os grupos de pacientes readmitidos e não readmitidos sinalizam que o índice LACE auxilia na identificação de risco de readmissão, ainda que a sua baixa capacidade preditiva impeça sua utilização de maneira isolada. Considerando a facilidade de aplicação, o índice tem potencial para utilização como ferramenta de triagem, utilizado de forma conjunta com outros indicadores e dados relativos à rede de atenção e aos determinantes de saúde. O fato de o índice não ter se mostrado como ferramenta adequada para as condições analisadas não dispensa a necessidade da adoção de estratégias de monitoramento e intervenção, uma vez que esses grupos representam considerável volume de internações e de taxas de readmissão hospitalar.