Detecção plasmática do DNA viral em indivíduos com infecção crônica pelo vírus da hepatite B coinfectados pelo vírus da imunodeficiência humana e em uso de antirretrovirais: frequência e fatores associados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Weissmann, Leonardo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5134/tde-08072020-164020/
Resumo: INTRODUÇÃO: A terapia antirretroviral (TARV) determinou diminuição da incidência de aids e da mortalidade em pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Outras comorbidades assumiram, consequentemente, maior relevância no cuidado integral a esses indivíduos. Destaca-se, nesse contexto, a infecção crônica pelo vírus da hepatite B (VHB), dada a influência negativa que a infecção pelo HIV tem sobre a história natural da infecção pelo VHB nos coinfectados. Sabendo-se que medicamentos antirretrovirais podem também inibir a replicação do VHB, justifica-se analisar o impacto da TARV no manejo da hepatite B nessa população. OBJETIVOS: Verificar a frequência de detecção do ácido desoxirribonucleico (DNA) do VHB entre indivíduos coinfectados pelo HIV em uso de antirretrovirais e fatores associados. MÉTODOS: Em estudo transversal de uma série de casos, acompanhada no Serviço de Extensão ao Atendimento de Pacientes HIV/Aids da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, avaliaram-se pacientes com coinfecção HIV/VHB, idade acima de 18 anos e em uso de TARV por mais de seis meses, que passaram em consulta no ano de 2015. Não houve critério de exclusão. Coletaram-se dados sociodemográficos, de exposição ao HIV e VHB, clínico-laboratoriais e de avaliação da fibrose hepática por meio de entrevistas, revisão de prontuários e exames complementares. A viremia pelo VHB foi aferida por reação em cadeia pela polimerase quantitativa em tempo real. Nos casos em que se detectou DNA do VHB em concentração superior a 900 UI/mL, realizou-se sequenciamento para genotipagem viral e identificação de mutações conferidoras de resistência aos antivirais. RESULTADOS: Em 2015, 2 946 pessoas vivendo com HIV foram atendidas no serviço, sendo 83 elegíveis para o estudo, das quais 56 puderam ser avaliadas. Viremia pelo VHB foi identificada em 16 (28,6%) delas (IC 95%: 18,0-41,3%), sendo que todas faziam uso de lamivudina e tenofovir no momento da inclusão no estudo. Mostraram-se diretamente associadas à viremia pelo VHB: escolaridade mais baixa (p = 0,015), valores mais elevados da relação normalizada internacional (RNI) (p = 0,045), antecedente de doença definidora de aids [OR: 3,43 (IC 95%: 1,10-11,50); p = 0,040] e detecção sérica de AgHBe [OR: 6,60 (IC 95%: 1,84-23,6); p = 0,003]. Em contraste, a última contagem de linfócitos T CD4+ acima de 500 células/mm3 nos 365 dias prévios à inclusão no estudo [OR: 0,18 (IC 95%: 0,04-0,71); p = 0,016] e a detecção sérica de anti-HBe [OR: 0,21 (IC 95%: 0,04-0,99); p = 0,043] mostraram-se inversamente associados à ocorrência de viremia pelo VHB. Nos quatro pacientes que apresentaram carga plasmática do VHB superior a 900 UI/mL, verificou-se predominantemente infecção pelo genótipo A1 (75%). Nesses indivíduos foram identificadas mutações capazes de conferir resistência total à lamivudina e parcial ao entecavir. CONCLUSÕES: Mesmo em uso de TARV, porcentagem significativa dos pacientes coinfectados pelo HIV permanece com viremia do VHB. A caracterização dos fatores associados a esse desfecho pode orientar os profissionais no manejo mais apropriado desses indivíduos