O traço de animacidade e as estratégias de relativização em português brasileiro infantil: um estudo experimental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Rangel, Marcelo Marques
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-08022017-123245/
Resumo: Esta dissertação investiga o comportamento linguístico de crianças brasileiras entre 4;0 e 6;11 anos de idade, acerca da produção de orações relativas de objeto direto e de objeto preposicionado. Segundo Friedmann, Belletti e Rizzi (2009), essa dificuldade existe devido ao traço [+NP] presente no sujeito da relativa e no núcleo relativizado. Para os autores, a gramática infantil computa o sujeito da relativa como um elemento interveniente que impede a relativização do objeto, resultando em uma violação semelhante à Minimalidade Relativizada (Rizzi, 1990). Por outro lado, estudos experimentais como o de Gennari e Macdonald (2008) indicam que essa dificuldade está ausente em relativas de objeto contendo um sujeito animado e um núcleo relativizado inanimado. Partindo desses estudos, desenvolvemos uma tarefa de produção eliciada com pares de figuras. Em nossos materiais, controlamos o traço de animacidade do sujeito da relativa e do núcleo relativizado, de modo a observar quais configurações de animacidade resultam em uma maior dificuldade para as relativas de objeto. Nossos resultados sugerem que as relativas de objeto direto mais difíceis contêm um sujeito inanimado. Isto ocorre uma vez que esta posição sintática é comumente preenchida por um argumento animado (Becker, 2014). O frequente uso de estratégias de esquiva nessas relativas indica que animacidade possui um papel determinante para facilitar ou dificultar a produção de relativas de objeto direto. No que diz respeito às relativas de objeto preposicionado, nossos resultados indicam que todas as configurações do traço de animacidade foram difíceis para nossos sujeitos de pesquisa, não sendo determinante a configuração de animacidade nessas relativas. Sugerimos que um conjunto de fatores pode estar envolvido para a dificuldade observada nessas construções: a ausência de relativas com pied-piping preposicional na fala dos adultos; a maior simplicidade derivacional em relativas preposicionadas com um resumptivo nulo ou pronunciado (Roeper (2003); Lessa de Oliveira (2008)); as relativas com pied-piping preposicional dependem de seu ensino formal (Corrêa (1998); Guasti e Cardinaletti (2003)).