A acessibilidade das construções relativas e a aquisição da escrita

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Codinhoto, Gabriela Maria de Oliveira [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/141922
Resumo: O principal objetivo deste trabalho foi o estudo das restrições à acessibilidade das construções relativas no processo de aquisição de escrita a partir de uma perspectiva funcionalista de base holandesa. Partindo da proposta de Keenan e Comrie (1977), que prevê restrições de ordem (morfos)sintática para a relativização, propusemos um novo olhar para acessibilidade das OR, não mais baseado unicamente na morfossintaxe, mas também, e principalmente, nos processos de natureza pragmática, semântica e cognitiva, como os propostos por Dik (1997) e O’Grady (2011). A hipótese fundamental do trabalho é comprovar a proeminência não da relação gramatical de sujeito, como postulam Keenan e Comrie (1977), mas de uma escala de topicidade e animacidade e de uma escala de distância entre a lacuna e o material de preenchimento na oração relativa, de natureza cognitiva e referencial. Entre os processos de codificação morfossintática envolvidos na construção relativa, nos interessou examinar a hipótese de que a estratégia de pronome relativo não está presente na gramática dos alunos em processo de letramento formal, tese já sustentada por Kenedy (2007) em estudo de aquisição de linguagem de base gerativista; e defender a hipótese de que, na realidade, as crianças, que já dominam especialmente a estratégia de lacuna, a mais disseminada também na fala do adulto (cf. CAMACHO, 2012; 2014; 2016; inédito), a estendem, da posição de sujeito e de objeto direto, para todas as demais funções passíveis de serem relativizadas no português. Para confirmar ou refutar as hipóteses apresentadas, utilizamos como córpus de análise textos produzidos por alunos do Ensino Fundamental I de duas escolas públicas de São José do Rio Preto, pertencentes ao banco de dados de textos escritos compilado por Capristano (2001-2004), no âmbito dos estudos produzidos pelo Grupo de Pesquisa Estudos sobre a Linguagem. A análise dos resultados permitiu a conclusão de que, além de propiciar aos alunos o conhecimento de traços e propriedades morfossintáticos das relativas, o desenvolvimento do processo de escolarização ativa um domínio maior das variáveis contextuais de uso, o que gera, consequentemente, um acréscimo não só de frequência, mas também de qualidade da informação construída. Já em relação aos critérios semânticos e cognitivos que atuam na relativização, foi possível confirmar a hipótese de O’Grady (2011) de que não há, em línguas de relativas pós-nominais como o português, uma supremacia de acessibilidade do sujeito em detrimento do objeto, como prevê a Hierarquia de Acessibilidade (HA), uma vez que ambos dispõem do mesmo estatuto cognitivo e funcional. Na realidade, a principal diferença entre as duas funções sintáticas mais básicas da hierarquia de Keenam e Comrie (1977) é motivada por diferenças semânticas, como o traço de animacidade das entidades participantes da relativização de objeto. Os dados mostraram, enfim, que a escala de animacidade é mais relevante para a relativização do que as funções sintáticas, corroborando a hipótese inicial deste trabalho.