Tapera Viva: territorialidade e movimento caiçara na Jureia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Fernandes, Maria Carolina Loureiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-03012022-161715/
Resumo: Esta dissertação é um estudo sobre a territorialidade e a temporalidade caiçara e os modos singulares com que os caiçaras se movimentam e vivenciam as transformações das paisagens na Jureia. A história das comunidades tradicionais do litoral sul de São Paulo é marcada pelo abandono forçado de sítios por centenas de famílias e seu assentamento nos bairros das cidades de Iguape e Peruíbe, após a criação da Estação Ecológica Jureia-Itatins, em 1986. A pesquisa etnográfica acompanha a retomada de taperas de antepassados de famílias caiçaras que se deu em 2019 e a manutenção de parcerias jurídico-científicas de associações comunitárias. O cultivo de plantas, observado nos quintais das casas, nos terreiros dos sítios e nas taperas, pontua a mobilidade caiçara e outras práticas criativas por meio das quais os moradores da Jureia lidam com os cerceamentos impostos pelas políticas do meio ambiente. Em diálogo com a antropologia de Anna Tsing, a atuação abusiva dos órgãos ambientais e suas formas exteriores de entendimento são traduzidas pelos caiçaras em mudanças ecológicas, percebidas nos ritmos descoordenados compostos por entes não humanos e na maneira acelerada com que os caminhos e os sítios se transformaram em mato e taperas. Ao lado dos efeitos danosos aos corpos e à socialidade caiçara, essa política ambiental anti-caiçara se coloca como uma ameaça às formas de riquezas e outras potências que circulam na Jureia.