Perfil de mulheres tabagistas atendidas em um serviço especializado da cidade de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Pereira, Caroline Figueira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7141/tde-16042015-161430/
Resumo: Introdução: O tabagismo é um dos hábitos mais difundidos mundialmente, configurando-se em um problema complexo e multifacetado. Enquanto o número de homens fumantes estagnou, o de mulheres está em constante crescimento, estimando-se que cerca de 250 milhões de mulheres fumam diariamente em todo mundo. A maior dificuldade das mulheres em cessarem o tabagismo, e a grande estratégia de marketing da indústria tabagista voltada para esse público, são apontadas como razões para esse fenômeno, somado a isso existe uma escassez de estudos publicados sobre essa questão na literatura brasileira e mundial. Objetivo: Caracterizar o perfil sociodemográfico, clínico e comportamental de mulheres tabagistas atendidas em um Serviço Especializado de Saúde da cidade de São Paulo. Método: Delineada como pesquisa de coorte retrospectivo de abordagem quantitativa, o estudo foi realizado através de busca ativa nos prontuários das pacientes que foram atendidas no serviço especializado para cessação do tabagismo do Estado de São Paulo entre os anos de 2005 e 2010. Para a análise dos prontuários, foi realizado o uso de um questionário, os dados coletados foram armazenados por meio do software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) e analisados pelo programa RStudio, em que foram realizadas todas as análises. Resultados: A coorte de 655 prontuários caracterizou-se por mulheres com idade média de 49 anos (DP=10,1), solteiras (34%); com segundo grau completo (27,9%), inseridas no mercado de trabalho (54,9%), com nível de dependência a nicotina muito elevado (78,5%) e que apresentavam critérios diagnóstico de depressão (23,6%), ansiedade (24,2%) e hipertensão (21,9%). Como principais razões para o ato de fumar as mulheres tabagistas atribuíam sensação de prazer (50,2%) e propriedades relaxantes (69,3%), e a principal razão alegada para a busca do tratamento foi motivos de saúde (62%). A faixa etária demonstrou associação significativa com a influência de terceiros no início do tabagismo (p=0,05). O tempo de permanência no tratamento mostrou-se positivamente associado ao diagnóstico de depressão (p=0,04) e hipertensão (p<0,01), ao convívio com parentes tabagistas (p<0,01) e procura por tratamento devido a motivos de saúde (p=0,02). O grau de dependência associou-se positivamente com a precocidade do início do tabagismo (p<0,01), ao uso de tranqüilizantes (p=0,02), menor nível educacional, em todas as situações em que fumam (p<0,01), exceto com bebidas alcoólicas. Conclusão: Publicações sobre esse fenômeno são escassas no Brasil e no mundo, o estudo apresenta evidências que podem contribuir para proposição de estratégias na prática clínica da cessação do tabagismo feminino, uma vez que identifica o perfil daquelas mulheres que buscam por tratamento, sugerindo também o perfil daquelas que não estão chegando ao serviço, quer por serem consideradas mais vulneráveis para o tabagismo, e/ou por não estarem sendo sensibilizadas pelas campanhas antitabágicas, o que reflete no não desejo da mulher em abandonar o hábito de fumar.