Tantiabenash Shubinunna: aprenda para chorar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Mayuruna, Jaime da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-07012022-221952/
Resumo: Matsés são povos originários que habitam o extremo oeste do estado do Amazonas na Terra Indígena do Vale do Javari (TIVJ). Apresentam uma cultura de grande relevância, e por ser um povo contactado recentemente, preservam sua língua e muitas histórias de formação do povo que geraram ao longo dos anos constantes processos de transformações. Existem grandes acontecimentos e histórias que marcaram a formação dos Matsés. Entretanto, a partir do contato com a sociedade nacional, ocorrem muitas mudanças que alteraram desde o modo de viver até aos comportamentais, uma vez que a vida que era totalmente interligada à natureza e o contato com a terra, atualmente passa também a conviver com problemas sociais existentes nas cidades e de exploração à terra provacada por invasores. Até pouco tempo antes do contato, havia uma relação direta de convivência com diferentes tipos de espíritos cantores, conhecidos como os cuëdënquido. Esses espíritos cantores ensinava o povo a produção de tecidos para vestimentas dos próprios espíritos para se materializar e conviver diariamente com os Matsés. Eles ensinavam aos jovens a se adaptar às vivências do mundo paralelo, e com isso facilitava a vivência direta na mata. Além desses conhecimentos preciosos ensinaram que a morte tem significado próprio, possibilitando a transição entre este mundo e o mundo dos espíritos, e mesmo que o corpo (nami) morra, o espírito passa por um processo de acolhimento para seguir uma nova jornada como alma. Após a morte há uma reconfiguração do seu modo de agir, principalmente perante a espiritualidade. Assim, os cuëdënquido ensinou aos Matsés um ritual muito precioso, conhecido como o choro-canto, que se trata de diferentes maneiras de manifestar a dor da perda do ente falecido, por meio de um choro cantado. A proposta central de se canto-chorar é possibilitar que esta alma consiga chegar ao mundo dos espíritos e novamente encontrar sua ancestralidade. São manifestadas diferentes formas de choro-canto, a qual vai depender da sua relação de núcleo familiar com o morto. O papel do \"choro-canto\" é fundamental como forma de comunicação na evocação, que permite a aproximação dos vivos e dos espíritos, e por isso, deve ser respeitada corretamente a maneira de se conduzir este ritual. Por essa razão, este trabalho teve como objetivo apresentar, a partir de uma visão também de um Matsés estudante de pós-graduação em antropologia, como se dá a compreensão do ritual fúnebre canto-choro, em uma tentativa de elucidar a complexicidade referente as relações dos parentescos para cada manifestação de choro existente.