Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2011 |
Autor(a) principal: |
Rodrigues, Julliana Luiz |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-30102013-161035/
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Resumo: |
O aumento da visibilidade de mulheres que se relacionam com mulheres tem suscitado questões pertinentes à saúde desse grupo. A literatura aponta que estereótipos de gênero e valores acerca da masculinidade e feminilidade se fazem presentes nos discursos e interferem nas ações de cuidado com a saúde. A falta de orientação nos atendimentos ginecológicos pertinentes a sua prática sexual é apontada como uma dificuldade encontrada por mulheres que se relacionam com mulheres. A saúde sexual, localizada como direito do sujeito, deve ser pensada incluindo-se aspectos sociais como determinantes para a qualidade da atenção dispensada. Este trabalho tem por objetivo compreender como as construções de gênero se fazem presentes nas relações homo-afetivas entre mulheres e no cuidado dedicado à saúde sexual. Pautada em vertente qualitativa, utilizou-se de entrevistas semi-estruturadas e anotações em diário de campo para obtenção dos dados. Entrevistou-se nove mulheres lésbicas ou bissexuais entre 19 e 46 anos, todas residentes na cidade de São Paulo. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas a partir das categorias gênero, práticas preventivas e cuidado em saúde. Os resultados permitem vislumbrar a relação entre diferentes construções do ser mulher e o cuidado dispensado à saúde sexual. Maior dificuldade em perceber necessidade de cuidado e de buscar serviços de saúde esteve presente entre mulheres lésbicas que se reconheciam masculinizadas. Valores relativos à feminilidade hegemônica, que atrela sexo a afeto, podem operar vulnerabilizando mulheres que se relacionam com mulheres quanto à exposição às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), na medida em que a inserção de quaisquer métodos pode ser recebido como questionamento pela parceira do sentimento ou insinuar desconfiança sobre a procedência sexual. As dificuldades acerca do sexo seguro entre lésbica foram pontuadas pelo desconhecimento e falta de informações sobre o tema. A maneira de prevenir-se das DSTs se resume em fazer avaliações higienistas sobre a parceira e evitar relacionamentos com as bissexuais. Comunicar ao médico sobre sua preferência sexual e sentir-se suficientemente acolhida para levar dúvidas sobre DSTs/aids foram as maiores dificuldades apontadas no momento da consulta ginecológica. Mesmo quando optam por revelar a preferência homoerótica, isso não se traduz no recebimento de informações pertinentes a sua prática sexual. A ideia de que todas as mulheres mantêm relações heterossexuais ainda é presente nas práticas médicas e constitui-se como importante barreira ao oferecimento de um atendimento humanizado que opere em respeito aos direitos humanos e à diversidade sexual. Os resultados desta pesquisa configuram um quadro em que a vulnerabilidade ao adoecimento sexual das mulheres que se relacionam com mulheres, para além de aspectos individuais e sociais, remete às lacunas programáticas, expresso na ausência de discursos sobre sexo seguro na parceira lésbica |