Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Sorrentino, Isa da Silva |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-14012020-093618/
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Resumo: |
Introdução: O paradigma da vulnerabilidade redirecionou os estudos sobre a epidemia de HIV/aids a partir do final da década de 1990, ao destacar que os fatores sociais, individuais e programáticos atravessam os contextos em que os sujeitos podem contrair a infecção. Entretanto, alguns autores apontam que as pesquisas sobre a vulnerabilidade das trabalhadoras sexuais precisam ser aprofundadas para abarcar a complexidade dos cenários em que se dão suas vivências afetivo-sexuais. Objetivo: Compreender, desde a perspectiva interseccional, a produção de territorialidades e vulnerabilidade ao HIV/aids e outras IST, no contexto da prostituição de mulheres no bairro da Luz, no centro de São Paulo. Referenciais teóricos e metodologia: A pesquisa se apoia em referenciais da Antropologia em diálogo com a Geografia e Saúde Coletiva. Os dados empíricos foram produzidos entre maio de 2016 e fevereiro de 2017 por meio de observações diretas na área de estudo e entrevistas em profundidade com 16 trabalhadoras sexuais de quatro diferentes pontos de rua e dois prédios de prostituição. O material foi codificado no software N-Vivo e submetido à análise de conteúdo. Os \"códigos-territórios\" vividos pelas trabalhadoras sexuais foram analisados segundo o referencial da interseccionalidade, para articular as desigualdades de poder relativas a gênero, classe, geração, origem geográfica e raça/cor. Resultados e discussão: O cotidiano de trabalho mostrou-se como dimensão fundamental na qual se expressam diferentes \"códigos-territórios\", distinguindo os pontos de rua entre si e em relação aos prédios de prostituição. Os marcadores geração, raça/cor e escolaridade, nessa ordem de importância, demarcam as escalas dos códigos, assim como o grau de fluidez com que as mulheres circulam entre eles. Com relação à vulnerabilidade ao HIV/aids e outras IST, a forma como as entrevistadas percebem sua condição contradiz a ideia de fragilidade. Por outro lado, a violência e os estigmas são dimensões que realmente as preocupam no trabalho, na vida afetivo-sexual e na saúde. As recentes conquistas de alguns direitos pelas trabalhadoras sexuais no Brasil ainda são insuficientes para mudar esse cenário, dado que os processos históricos são uma constante disputa entre as forças de inércia e disrupção contidas nas experiências acumuladas ao longo do tempo. A gestão atual da Prefeitura (2016-2020) atua em projeto para o bairro da Luz que envolve a repressão violenta aos usuários e usuárias de crack do local, e a concessão do Parque da Luz à iniciativa privada. Lembrando outros processos ocorridos na história da cidade (intervenção urbana de 1911 e fechamento da Zona de Baixo Meretrício do Bom Retiro, em 1954), é de se esperar que as atuais intervenções impliquem em ações de expulsão das prostitutas de seus locais de trabalho. Além disso, o cenário político é também favorável para a aprovação do projeto de lei federal (PL377/2011) que proíbe o pagamento por serviços sexuais, tornando-se um instrumento jurídico que acarreta a criminalização indireta da prostituição |