Intellectus Fabrica: um ensaio sobre a teoria da definição no Tractatus de Intellectus Emendatione de Espinosa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Rezende, Cristiano Novaes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-05022010-114514/
Resumo: O presente trabalho é um ensaio sobre a teoria da definição desenvolvida por Espinosa no Tractatus de Intellectus Emendatione. Através do exame dessa teoria, pretendese demonstrar a tese de que a modelagem conferida por Espinosa à definição perfeita constitui a estrutura elementar de uma lógica da imanência, apta a presidir, na modernidade, a elaboração de uma ontologia que enfrenta o clássico problema do uno e do múltiplo, reformulado em termos de compatibilização entre a afirmação da unidade e unicidade substanciais e a afirmação de que, não obstante, da natureza dessa mesma substância una e única, seguem-se necessariamente infinitos entes singulares reais. A articulação entre definição e imanência é investigada principalmente através da noção de causalidade, que toma parte tanto do trabalho definicional por isso caracterizado como um trabalho construtivo ou genético quanto da gênese ontológica do mundo físico. Demonstrar essa tese conceitual equivale, numa chave histórica, a refutar a tradição interpretativa iniciada já com os interlocutores contemporâneos de Espinosa mas que interferirá em toda recepção futura de sua obra que considera a filosofia espinosana como uma sorte de eleatismo moderno. Para tanto, examina-se preferencialmente a teoria da definição apresentada no Tractatus de Intellectus Emendatione, pois que esta obra, organizada conforme uma perspectiva própria de valorização da finitude, além de empreender uma detalhada exposição das condições definicionais, também comporta uma acentuada crítica ao terceiro modo de percepção a razão , que se articula com as críticas espinosanas à lógica escolástica, de inspiração aristotélica, em cujo cerne está a definição por gênero e diferença específica. Demonstrando, a partir da teoria da definição, que certas acusações feitas pela posteridade já se encontravam implicitamente respondidas no debate espinosano com a escolástica de inspiração aristotélica, ambiciona-se, destarte, fornecer subsídios para uma revisão crítica da recepção da obra de Espinosa, caracterizando sua filosofia imanentista como uma possibilidade do racionalismo moderno historicamente mal compreendida e, por isso, talvez capaz de exigir alguma ampliação dos próprios conceitos de racionalismo e de modernidade.