Reich, Espinosa e a educação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Avila, Daniel Camparo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-09022011-151747/
Resumo: Wilhelm Reich (1897-1957), psicanalista dissidente austríaco, e Benedictus de Espinosa (1632- 1677), filósofo holandês, são autores cujas obras convergem na luta por um ser humano livre e ativo, contribuindo à composição de perspectivas educacionais voltadas ao desenvolvimento da potência humana. Este estudo teórico focaliza, no âmbito da educação, as ideias deixadas por esses dois pensadores. Para tanto, realizou-se, em especial, a leitura da Ética e do Tratado Teológico-Político, de Espinosa, e de Os pais como educadores I: a compulsão a educar e suas causas, Sobre o onanismo, A função do orgasmo e Psicologia de massa do fascismo, de Reich. Realizou-se, também, a tradução do artigo The parental attitude toward infantile masturbation, de Reich, assim como o acompanhamento de comentadores de ambos os autores. Reich e Espinosa denunciam uma vida tomada pelo medo irracional, que, todavia, persevera em existir no abandono de sua potência. O medo, portanto, não seria apenas um afeto útil à preservação da vida frente aos perigos, como também estaria envolvido na produção do desejo de submissão e da tendência à obediência, de modo que diferenciamos, acompanhando os autores, o medo de um mais-medo. Com relação à origem do estímulo, o medo corresponde a um perigo externo e real que ameaça a vida, e o mais-medo a um perigo interior e imaginário, relativo à satisfação do desejo. Quanto à determinação dessas reações, o medo constitui uma reação ativa, pois decorre da natureza mesma do sujeito. O mais-medo, por sua vez, é uma reação passiva, determinada por um processo de produção social e contraditório à sua natureza. O medo, portanto, não deve ser considerado uma fraqueza, mas expressão da potência natural do ser humano, ao passo que o mais-medo escraviza essa força promovendo impotência. Uma perspectiva educacional vinculada à moral autoritária e ao imaginário do sistema do medo só pode, portanto, contribuir à formação de indivíduos fragilmente constituídos, expropriados de sua potência de vida e desejosos de servir a qualquer um que se apresente como portador de uma força capaz de lhes garantir a própria existência. Nesse horizonte, uma educação para a potência não consiste em uma educação contra o medo, tarefa que abrigaria a abdicação a uma capacidade essencial humana. Pelo contrário, trata-se de uma formação pautada pela experiência e conhecimento de si, descoberta dos medos reais e combate ao mais-medo