Toxicidade aguda em cavidade oral e glândulas salivares em pacientes submetidos à arcoterapia volumétrica modulada na região de cabeça e pescoço

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Gobbi, Marcella Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/23/23154/tde-27082021-121606/
Resumo: A radioterapia (RT) em pacientes portadores de neoplasias malignas em região de cabeça e pescoço (CCP) é uma modalidade de terapia que apresenta grande eficácia em relação ao controle locorregional e à sobrevida. Contudo, pode gerar toxicidades, tais como mucosite oral, xerostomia, alteração do paladar, disfagia e alterações nutricionais, que impactam negativamente na qualidade de vida dos pacientes. A arcoterapia volumétrica modulada (VMAT) é uma modalidade radioterápica que reduz a dose de radiação ionizante em tecidos sadios e demanda menor tempo de aplicação, minimizando os efeitos adversos em órgãos de risco. Em função de suas recentes aplicações no Brasil e no mundo, são poucos os trabalhos que descrevem os fatores de risco para o aparecimento de efeitos colaterais agudos na região da cavidade oral. O objetivo deste estudo foi verificar a frequência e o momento de aparecimento da mucosite oral, disfagia, xerostomia e alterações do paladar em pacientes submetidos à VMAT na região de cabeça e pescoço, bem como verificar os fatores dosimétricos e não-dosimétricos associados a essas alterações. Também foi objetivo a verificação do impacto dessas condições na redução de massa corpórea e modificações da dieta. Para isso, foram analisados retrospectivamente prontuários (n=95) de pacientes submetidos à técnica VMAT na região de cabeça e pescoço, tratados no Hospital Israelita Albert Einstein (São Paulo, SP, Brasil). Foram consideradas para o estudo tanto variáveis relacionadas à dosimetria quanto relacionadas ao paciente e à neoplasia. A dose média na cavidade oral exibiu mediana de 35Gy e na mucosa oral, 29Gy. As doses médias nas glândulas parótidas foram de 25Gy (em ambos os lados) e das submandibulares, de 42Gy (do lado direito) e 48Gy (do lado esquerdo). Os pacientes que exibiram graus severos de mucosite oral (graus 3 e 4) tiveram frequência de 45,8%, com mediana de dose acumulada de 37Gy. As lesões iniciaram por volta da 9ª sessão e atingiram seu grau máximo por volta da 15ª sessão de radioterapia. Observou-se que dose máxima na cavidade oral >=65Gy (OR=5.030) e quimioterapia concomitante (OR=7.560) foram fatores preditivos para mucosite oral severa. A mucosite oral severa (grau>=3) foi associada a modificação de dieta sólida (OR=18.00, p<0.001), necessidade de sonda nasoenteral/gastrostomia (OR=23.10, p=0.002) e perda de massa corpórea >=5% (OR=6.4, p<0.001). A disfagia esteve presente na maioria dos pacientes (83.2%), sendo detectada a partir da décima sessão e com dose acumulada de 22Gy. Não foi possível detectar fatores preditivos para disfagia. Boa parte dos pacientes (86.3%) reportou xerostomia, a qual foi detectada a partir da 8ª fração de RT. Nesse caso, apenas dose média na parótida direita >=25Gy foi fator de risco para essa condição (OR=10.000, p=0.044). Também a grande maioria (82.1%) dos pacientes reportou alterações do paladar, que foram associados à dose média na mucosa oral >=35Gy (OR=12.800, p=0.021) e presença de xerostomia (OR=12.400, p<0.001). Concluiu-se que o risco de mucosite oral severa, alterações de paladar e xerostomia durante o tratamento realizado com a técnica VMAT estão associados a doses máximas acima de 65Gy na cavidade oral, acima de 35Gy de dose média na mucosa oral e acima de 25Gy de dose média na glândula parótida, respectivamente. Essas condições podem determinar importantes alterações de dieta e perda de massa corpórea, devendo ser prevenidas por meio de medidas intensas de cuidados orais, principalmente a partir da 8ª sessão da RT.