Concretização de discursos e práticas histórico-sociais, em situações de frequência de bebês a creche.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Amorim, Katia de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17148/tde-09012003-151152/
Resumo: Esta tese faz parte de um conjunto de investigações que vêm contribuindo com a elaboração da perspectiva teórico-metodológica da Rede de Significações para o estudo e a compreensão dos complexos processos de desenvolvimento humano. Partindo-se dessa perspectiva, investiga-se os processos de desenvolvimento em contexto, isto é, através da relação pessoa - ambiente, destacando-se, neste último, a matriz sócio-histórica. Esta é concebida como composta por elementos políticos, econômicos, culturais, sociais e históricos, e como apresentando uma natureza semiótica. Em função desta natureza, e por se considerar que o signo apresenta uma encarnação material, partimos da hipótese de que a matriz sócio-histórica encontra-se concretizada no aqui-agora das situações. Diante dessas considerações, traçou-se como objetivo desta tese investigar o modo como se dá a materialização da matriz sócio-histórica, a partir da situação de freqüência de bebês à creche e de eventos de doença durante essa freqüência. O material empírico refere-se a sete casos selecionados do projeto Processos de adaptação de bebês à creche, que acompanhou processos ligados à freqüência de 21 bebês, em uma creche universitária. O corpus foi organizado através da articulação de entrevistas (mães, educadoras e técnicas) com cenas de vídeo (três primeiros meses de freqüência dos bebês), construindo-se a história dos sete episódios. A análise feita foi microgenética, procurando-se apreender e identificar a materialidade dos signos da matriz sócio-histórica, em diferentes momentos dos processos. Frente ao amplo conjunto de dados obtidos, restringiu-se a discussão àqueles discursos referentes às características das famílias, à situação de freqüência à creche em si, à construção das relações nesse ambiente e aos episódios de doença. A análise revelou que a concretude da matriz sócio-histórica se dá através de diferentes formas, como ao nível das instituições investigadas (família e creche), através da forma de sua estruturação, das suas metas, das forma como se estabelecem as relações entre as pessoas nesses contextos, da organização sócio-espacial, etc. A materialidade foi, também, identificada através dos papéis sociais atribuídos às pessoas e dos significados histórico-sociais que carregam, no aqui-agora. E, também, através da forma como as pessoas se relacionam uns aos outros, dentro da coordenação de papéis, que encarna formas sociais próprias daquela cultura ou grupo social. Identificou-se, ainda, essa materialização através dos discursos e práticas relacionadas às formas de realizar os cuidados diários da criança e também diante dos eventos de doença. No entanto, verificou-se que diferentes aspectos da matriz sócio-histórica, concretizados na situação, podem ser contraditórios, sendo que, para cada um dos aspectos, existe uma multiplicidade de vozes oriundas de diferentes tempos históricos e processos sociais. Essas vozes podem revelar-se conflitantes pelas concepções, emoções e práticas decorrentes, podendo levar a situações de ambigüidade diante de um mesmo elemento do processo, com confrontos pessoais e sociais. Todos esses discursos são negociados nas situações, podendo ser aceitos, negados ou modificados dentro do grupo social. A articulação desses discursos faz-se, no aqui-agora, através de processos dialógicos, os quais em algumas situações podem conduzir à transformação e à construção de novos discursos.