Intervenções contemporâneas no Bixiga: fissuras urbanas e insurgências.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Gonçalves, Camila Teixeira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/102/102132/tde-06072016-094834/
Resumo: A sobreposição de camadas pelo tempo confere à metrópole contemporânea diferentes leituras, variadas cidades dentro da cidade que se revelam apenas ao olhar mais atento do transeunte. O tradicional Bixiga, localizado (predominantemente) no distrito da Bela Vista, na cidade de São Paulo, abriga diversas estruturas urbanas esquecidas, espaços fragmentados, excluídos e excludentes, porque deslembrados pela opacidade da vida urbana atual; mas também é palco de disputas sociais manifestadas, dentre outros meios, pelos processos de renovação e empreendedorismo urbano e consequentes gentrificação e espetacularização do seu historicismo. O presente trabalho pretende destacar as relações e confrontar os limites entre intervenções preservacionistas e renovadoras sucedidas no bairro, entre o final dos anos 1960 e 2014, que se apresentam como geratrizes ou mitigadoras de densas fissuras urbanas - que não raro têm a cultura mercantilizada em suas bases materiais [arquitetura e tecido urbano] e intangíveis [dinâmicas sociais que particularizam as áreas das cidades]. O intento é permitir a análise das transformações e os agentes envolvidos na produção da paisagem urbana local, a qual versa paradoxalmente entre 1- lócus de identidades singulares, cotidianamente vivenciada e preservada na memória dos moradores, sensibilizando novas ou habituais experiências coletivas que visam legitimar a proteção das reais especificidades e interesses locais; e 2- a banalização do espaço, cenarizado e subtraído das estruturas simbólicas da coletividade, reduzido a mero produto de consumo. O contexto abordado se ilumina dos casos das grandes renovações viárias que afetaram diretamente a tecitura urbana do Bixiga ocorridas quando das implantações, inicialmente, da Avenida Nove de Julho e, posteriormente, da Avenida 23 de Maio e da Ligação Leste-Oeste; da Vila Itororó, a qual atualmente vivencia processos de revitalização diante de inúmeros embates entre moradores e a Prefeitura Municipal; e do Teat(r)o Oficina, que motiva debates críticos e políticos sobre a destinação comercial de seu entorno por uma empresa privada e como estes instigam a tomada de consciência crítica ou mesmo a sensibilização do imaginário dos habitantes frente à identificação de espacialidades e costumes singulares - cenários de ensaios culturais, sociais, artísticos e coletivos que pretendem reconhecer identidades locais genuínas ou se inserirem nas atuais práticas de teatralização cenográfica da cidade, as quais incorporam ações culturais. Sendo assim, o trabalho traz à tona reflexões sobre intervenções em áreas centrais metropolitanas, vinculando aspectos históricos, sociais, culturais, urbanísticos e perceptivos da cidade; e avaliando as densidades das camadas urbanas perdidas, perseverantes ou resgatadas. Mesmo sendo crítico da (falta de) vitalidade urbana atual, este trabalho identifica que ainda pulsa no tecido social do Bixiga a vontade de preservar as estruturas remanescentes de sua formação, que vão muito além dos edifícios históricos atingidos, mas compreende e assenta-se nas relações sociais ali presentes.