A evolução mineralógica, micromorfológica e química da bauxita e materiais correlatos da região a nordeste de Miraí, Minas Gerais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1987
Autor(a) principal: Lopes, Luciana Maria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44131/tde-15092015-131926/
Resumo: Os depósitos de bauxita da região de Miraí, MG, inserem-se entre aqueles que compõem um extenso cinturão aluminoso que se inicia a sudoeste de Cataguases, Minas Gerais, estendendo-se a e ao nordeste deste estado. Os depósitos da faixa em questão constituem-se na primeira grande reserva brasileira de minério de alumínio desenvolvida sobre uma variedade de rochas metamórficas de alto grau (gnaisses e granulitos) variadamente cataclasadas pré-Cambrianas integrantes do \"Complexo Juiz de Fora\". Desde que a área pesquisada insere-se numa faixa nordeste de morros meia-laranja em cujos topos ocorre sistematicamente a bauxita, decidiu-se pelo estudo de um morro-tipo representativo de seu padrão de ocorrência. No morro escolhido, optou-se pelo estudo de toposseqüências, desde que ao longo das mesmas tem-se demonstrado haver diferenciação nos fenômenos de alteração. A bauxita apresenta-se como fragmentos róseos e avermelhados em sua maioria com estrutura gnáissica conservada, com densidade aparente variando de 1.6 a 2.0 e teores médios de Al2O3 da ordem de 42%. Sua mineralogia consta essencialmente de gibbsita e goethita, hematita e quantidades subordinadas de quartzo e caolinita. Tanto na bauxita isalterítica como na isalterita estéril que prevalece nas encostas e baixadas, a estrutura gnáissica foi conservada. São notáveis as pseudomorfoses de gibbsita a partir dos feldspatos, de goethita a partir dos piroxênios e anfibólios e de caolinita derivada da biotita. Na bauxita, a caolinita sofreu uma dessilicificação, ao passo que o quartzo foi em parte dissolvido, o que elevou relativamente os teores de alumínio. Tanto a bauxita isalterítica como a isalterita formaram-se por alitização direta da rocha. Constatou-se, na bauxita, a presença de uma camada na qual houve um expressivo aporte de material iluvionar, propiciando a formação de numerosos cutans do tipo ferri-argilans. Em tal nível houve uma perda das estruturas gerando a bauxita aloterítica, que não demonstra mais sua derivação gnáissica, tendo se formado por alitização indireta da rocha. A formação da bauxita deu-se de forma sistemática nos topos e encostas superiores dos morros meia-laranja que compõe o relevo da área. Para que tal ocorresse a topografia e, conseqüentemente, a drenagem, desempenharam papel decisivo, desde que suplantaram a variada natureza das rochas parentais bandadas e foliadas, convertendo-as num produto final com teores similares de Al2O3. No entanto, o caráter máfico de determinados níveis parentais conferiu, à bauxita deles derivada, teores médios de Fe2O3 da ordem de 18%. Assim sendo, nos topos e encostas superiores formaram-se crostas aluminosas e alumino-ferruginosas (minério) que chegam a ter 8 m de espessura, ao passo que nas encostas e baixadas prevalece material mais argiloso e/ou areno-argiloso (estéril). Na evolução da bauxita no tempo as condições de alteração variaram, gerando perfis polifásicos com bauxita isalterítica (de estrutura conservada) e aloterítica (sem preservação das estruturas). A tendência da fase atual de alteração é o da monossialitização. Ressalta-se a interessante associação da área bauxitizada com movimentos tectônicos recentes (Terciários) e com a ulterior incisão dos rios Pomba e Muriaé que, dissecando seus cursos, erodiram parte da bauxita, ausente nos vales dos rios supramencionados. Afastando-se dos mesmos, ressurgem as áreas bauxitizadas.