Atos de incorporação: última correspondência com Antonin Artaud

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Santos, Renan Dias
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27155/tde-27122018-114253/
Resumo: Um pesquisador nascido no Brasil em 1990 se depara com as cartas que Antonin Artaud escreveu durante seu período de internação no asilo de alienados de Rodez, na França, e descobre que chegou ao mundo arruinado. Decide não ignorar que sente uma imensa solidão e que, na maioria das vezes, se vê sozinho neste sentimento; que cresceu fingindo prazer e sentindo saudade, mas que já está desanimado até mesmo para sofrer; que a primeira coisa que disse, quando ainda era um bebê, foi: \"Olá, mamãe, eu já sei que você não sou eu, então estou livre!\" - e todos os adultos aplaudiram o espírito inteligente do menino que iria longe. Este pesquisador que nunca foi à Europa, mas está educado a falar com muita lucidez sobre qualquer matéria disponível no Eu e no além-Eu, recebeu três volumes de cartas escritas por Antonin Artaud, quem está morto há setenta anos, e começou então a ouvir dois tipos de silêncio: um que se estende por toda a superfície acima do palavrório, nasce sobre ele e preenche como neblina o espaço entre as ruínas, um silêncio compactuado; e um outro que grita impessoalmente na imensa falta de fundo abaixo das palavras. Não tem escolha: sente necessidade de partir, deseja esquecer Artaud. Ele se atrasa, porque segue com o corpo e abandona o espírito; leva o espírito, deixa cair a língua. Decide agarrar tudo o que vê pelo caminho, leva todas as palavras que encontra pela frente, para despejá-las no abismo de um silêncio público. E as páginas do presente trabalho são este movimento entre dois silêncios, um caminho de palavras arrastadas que ninguém poderá seguir, porque o pesquisador desapareceu sobre si mesmo.