A criança com autismo: trajetórias desenvolvimentais atípicas à luz da teoria piagetiana da equilibração

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Mazetto, Camilla Teresa Martini
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-22022016-183718/
Resumo: Os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) refletem alterações neurológicas das funções psicológicas que se desenvolvem durante os primeiros anos de vida. Estudos atuais apontam uma prevalência crescente, relacionada com as mudanças dos critérios diagnósticos. As alterações nosológicas evidenciam a variabilidade de expressões clínicas, que compõem um continuum de quadros diversos, com evoluções particulares. A pesquisa toma a perspectiva da psicopatologia desenvolvimental, e estuda os mecanismos gerais de desenvolvimento psicológico aplicados a um contexto atípico de desenvolvimento. O desenvolvimento cognitivo e socioemocional típico tende a uma construção hierárquica, relativamente homogênea, guiada por uma equilibração progressiva. No autismo parece haver uma heterogeneidade no desenvolvimento das funções cognitivas e sociais. Observam-se atrasos mais ou menos significativos, estagnação ou regressão em determinadas funções, evocando uma perturbação fundamental da regulação da atividade sensório-motora. Uma das hipóteses desse desenvolvimento particular, é a de um distúrbio da regulação do conjunto das atividades da criança. O objetivo geral é apresentar uma leitura conceitual, apoiando-se na teoria piagetiana da equilibração, sobre trajetórias de desenvolvimento de crianças com autismo, a partir de indicadores clínicos fornecidos pela Bateria de Avaliação Cognitiva e Socioemocional (BECS). A pesquisa conta com duas partes de coleta de dados, e uma parte teórica. Na primeira, apresenta o estudo comparativo do desenvolvimento cognitivo e socioemocional de um grupo de crianças com autismo (N= 20) e um grupo de crianças típicas (N= 20). Na segunda, descreve a trajetória de quatro casos ilustrativos de crianças com autismo acompanhadas ao longo de 18 meses, com avaliações sucessivas a cada seis meses. Os resultados indicam que crianças com autismo mesmo mais velhas apresentam um funcionamento psicológico próprio às primeiras etapas de estruturação cognitiva, centrada nas aquisições sensório-motoras. Quanto à hipótese da heterogeneidade desenvolvimental característica do autismo, foram notadas similitudes entre os processos típicos e atípicos, sendo que a heterogeneidade é uma característica das etapas mais inicias de desenvolvimento, em ambos os contextos. Por outro lado, crianças com autismo apresentaram níveis de socialização e de atenção conjunta bastante abaixo daqueles apresentados pelo grupo de crianças típicas, com sinais de maior habilidade para o desenvolvimento cognitivo. A leitura conceitual dos casos sugere a preservação dos mecanismos gerais da equilibração majorante, com ampliação gradual do desenvolvimento global. A heterogeneidade pode assim traduzir um processo positivo de desenvolvimento, apoiando-se nos desequilíbrios como fonte para regulações e reequilibrações, tanto no contexto típico quanto atípico. Entretanto, no caso de crianças com autismo, as trajetórias apresentam características particulares, com maior estabilidade para a ampliação das construções cognitivas, e fragilidade inicial para a consolidação das habilidades socioemocionais