Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Gonçalves, Patricia Lorena |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-26092016-161606/
|
Resumo: |
O presente trabalho pretendeu discutir teoricamente e ilustrar com alguns casos clínicos as dificuldades de atribuição de estados mentais de crianças com autismo, estabelecendo uma articulação entre alguns conceitos da epistemologia genética piagetiana, tais como representação e egocentrismo e do constructo da teoria da mente. A teoria da mente tem sido denominada, pelos seus estudiosos, como a capacidade de atribuir estados mentais (crenças, desejos, intensões e emoções) a si e aos outros, no intuito de explicar, interpretar e predizer comportamentos e tem alcançado destaque com o passar dos anos, em relação às pesquisas sobre autismo no cenário internacional. No entanto, algumas divergências entre seus autores resultam em diferentes maneiras de mensurar esta capacidade. Leslie (1987,1988) considera que a teoria da mente já esteja presente nas brincadeiras de faz de conta infantil e no emprego dos termos mentais utilizados por crianças de dois anos de idade. Diferentemente, Perner (1991) advoga que a teoria da mente só é evidente quando a criança tem a capacidade de reconhecer que a mente é um sistema de representações, por volta de quatro a seis anos de idade. Por isso, para este último autor, somente a partir da resolução das tarefas de crença falsa é que se poderia afirmar que a criança apresenta a teoria da mente, pois, assim, significa que esta diferencie entre o subjetivo e o mundo físico. A representação mental e a construção interna do mundo real, feita pela criança, foram assuntos amplamente estudados por Jean Piaget. Piaget (1947) afirma que a criança alcança um nível de representação mental que lhe habilite a diferenciar entre o que é subjetivo do que é objetivo quando supera o egocentrismo, pois enquanto pensar que todos pensam como ela, não encontrará motivos para se conformar às verdades comuns, além de não se interessar pela busca de comprovações lógicas sobre aquilo que afirma. O pensamento egocêntrico, na epistemologia genética piagetiana, é um estágio primitivo do pensamento lógico marcado por três características: predomínio da imagem sobre o conceito, certa inconsciência do pensamento e ausência de lógica. Ancorada na epistemologia genética piagetiana e com base na realização de estudos de casos de duas crianças com autismo e uma criança com desenvolvimento neurotípico, a presente investigação concluiu que os referidos autores da teoria da mente discorrem sobre diferentes estágios desta capacidade. Além disso, por meio de entrevista clínica segundo Piaget, da análise do emprego dos termos mentais e da análise das justificativas de seus participantes em relação à tarefa de crença falsa de Sally e Ann, este estudo depreendeu que a capacidade de atribuir estados mentais ao outro requer o início da superação do egocentrismo, descrito por Piaget. Por isso, crianças com autismo, apesar de poderem empregar termos mentais em seus discursos, geralmente, têm dificuldades de diferenciar entre o subjetivo e o mundo real, apresentando tendência à representação imagética em detrimento da representação conceitual, desinteresse em comprovar o que afirmam e dificuldades em diferenciar o próprio ponto de vista do ponto de vista de outrem |