Atos da diferença: trânsitos teatrais entre São Paulo e Nova York no início do século XXI

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Machado, Bernardo Fonseca
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-08042019-115104/
Resumo: Desde a virada do século, espetáculos da Broadway, em Nova York, passaram a ser largamente produzidos em São Paulo. No intervalo de pouco mais de uma década, um sistema organizado de produção de musicais instaurou-se na capital paulista. Esta tese tem como objetivo investigar alguns trânsitos teatrais entre essas cidades no início do novo milênio. A pesquisa analisa a maneira pela qual intérpretes atrizes e atores produziam, atualizavam e negociavam as diferenças nos bastidores. O trabalho adotou duas grandes estratégias. Primeiro, realizei uma investigação documental baseada em fontes primárias capaz de identificar os condicionantes sociais, econômicos e simbólicos que contribuíram para tornar os musicais teatralmente verossímeis, economicamente rentáveis e socialmente desejados em São Paulo. Concomitantemente, desenvolvi uma pesquisa de campo em escolas de teatro musical em São Paulo e Nova York, onde verifiquei que, no dia a dia do aprendizado, a interpretação era fundamental para expressar o mundo emotivo interno em cena. Além disso, professores ensinavam que artistas precisavam reconhecer os tipos que os seus corpos lhes permitem ser: quem teria o perfil para ser protagonista em certos espetáculos e quem não teria. Também realizei entrevistas com atrizes e atores brasileiros que viajaram para os Estados Unidos com a intenção de se especializarem como intérpretes. Aos poucos, ficou evidente como sujeitos adotavam uma gramática que qualificava os musicais ora como universais ora como particulares. Por um lado, as emoções entre as pessoas seriam universalmente compartilhadas nas duas cidades, permitindo o trânsito das peças. Por outro lado, os corpos de artistas eram particularmente diferenciados e nem todos tinham perfil para o trabalho. O itinerário dessas peças entre as cidades foi pavimentado por um conjunto intrincado de argumentos que incluía a potencialidade pedagógica das técnicas cênicas, as vantagens econômicas das produções, a comunhão global de emoções e a conquista de um sonho individual de artistas. Em paralelo, em São Paulo, os trajetos sofriam deslocamentos, adaptações, contestações e disputas. Dessa forma, investigo como discursos e práticas acerca da particularidade e da universalidade foram produzidos, reproduzidos, ressignificados, negociados, e, por vezes, recusados pelos sujeitos. As diferenças e semelhanças apareciam nas relações estabelecidas durante as diversas circunstâncias observadas. A pergunta analítica que atravessa toda a tese é: como as diferenças e as semelhanças apareciam nos trânsitos teatrais entre São Paulo e Nova York?