Validação relativa de um questionário de frequência alimentar e associação de padrões alimentares com excesso de peso e porcentagem de gordura corporal em adultos de uma coorte brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Muniz, Stephanie Camila Ribeiro Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17144/tde-10052021-145048/
Resumo: Estudos recentes têm mostrado que padrões alimentares não saudáveis estão associados à obesidade e porcentagem de gordura corporal (%GC) elevada em adultos. Contudo, existem poucos estudos que avaliam padrões alimentares ao longo dos anos e sua associação com obesidade e %GC. Objetivos: Identificar os padrões alimentares dos adultos participantes de uma coorte brasileira em dois períodos em um intervalo de 15 anos (T1 e T2), investigar a aderência a esses padrões, avaliar se possíveis modificações nesses padrões estão associadas com obesidade e %GC acima da média, e validar o questionário de frequência alimentar (QFA) utilizado na segunda avaliação (T2) de consumo alimentar desses adultos. Método: Foi utilizado QFA adaptado para a avaliação de consumo alimentar em T1 e T2. Os padrões alimentares foram derivados pela Análise de Componentes Principais. Foram identificados três padrões em cada momento, nomeados \"Saudável\", \"Não Saudável\" e \"Tradicional\". A aderência aos padrões alimentares em cada momento foi classificada como \"Prudente\", \"Risco\" ou \"Misto\", e por meio dessas, foram construídas as trajetórias dos padrões alimentares entre os dois momentos. O índice de massa corporal (IMC, kg/m²) foi calculado em T1 e T2, sendo considerados obesos os indivíduos com IMC ≥30,0 kg/m². A %GC foi avaliada em T2 pela pletismografia por deslocamento de ar. As análises de associação foram realizadas com o uso da regressão de Poisson para estimar a Razão de Prevalência (RP). A validação do QFA foi realizada para grupos de alimentos e nutrientes, com 100 indivíduos de ambos os sexos. O método de referência foi o Inquérito Recordatório de 24 horas (IR24h), com duas aplicações. Para calcular a estimativa da ingestão habitual de nutrientes e consumo de grupos de alimentos foi utilizado o Multiple Source Method, sendo realizado o ajuste pela energia para os nutrientes. Para a validação foram realizadas análises de correlação de Pearson, concordância kappa quadrático e a classificação cruzada entre quartis de consumo. Resultados: A obesidade triplicou entre as avaliações (11,5% - 34,4%). Em T2, 80,3% dos adultos estavam com %GC acima da média. As aderências aos padrões alimentares não se associaram a obesidade em T1 e à %GC acima da média em T2. As aderências aos padrões \"Risco\" (não ajustado, RP 1,39; IC 95% 1,06 - 1,82 e ajustado, RP 1,33; IC 95% 1,05 - 1,70) e \"Misto\" (não ajustado, RP 1,33; IC 95% 1,00 - 1,76 e ajustado RP 1,40; IC 95% 1,09 - 1,78) se mostraram associadas à obesidade em T2. As trajetórias dos padrões alimentares que se mostraram associadas com a obesidade em T2 foram: \"Prudente - Misto\" (não ajustado RP 1,57; IC 95% 1,00 - 2,47 e ajustado RP 1,62; IC 95% 1,10 - 2,39), \"Risco - Risco\" (não ajustado RP 1,54; IC 95% 1,04 - 2,27 e ajustado RP 1,45; IC 95% 1,00 - 2,09), e \"Misto - Risco\" (não ajustado RP 1,74; IC 95% 1,14 - 2,65 e ajustado RP 1,66; IC 95% 1,13 - 2,42). Após ajuste, a trajetória \"Prudente - Misto\" se mostrou associada com a %GC acima da média (RP 1,17; IC 95% 1,03 - 1,33). Foram encontradas correlação e concordância adequadas entre a maioria dos grupos de alimentos e nutrientes para os dois métodos (QFA e IR24h), e a maior parte desses estavam classificados no mesmo quartil ou adjacentes para ambos os métodos. Conclusões: A mudança de padrões alimentares ao longo do tempo pode levar à obesidade e %GC acima da média quando a movimentação acontece no sentido de declínio na qualidade alimentar ou estagnação num padrão alimentar inadequado ao longo dos anos. O QFA utilizado na segunda avaliação dos adultos da coorte mostrou-se útil para estimar a dieta habitual dos indivíduos avaliados.