Estudo observacional da associação entre momento da administração de antimicrobianos e piora de disfunções orgânicas no paciente crítico cirúrgico não séptico com suspeita de infecção nosocomial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Bassi, Estevão
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5178/tde-20012023-131310/
Resumo: INTRODUÇÃO: Na presença de sepse, choque séptico ou foco infeccioso evidente, antimicrobianos devem ser administrados imediatamente. Entretanto, poucos estudos avaliaram essa conduta na suspeita de infecção sem foco infeccioso evidente e sem sepse. O objetivo do presente estudo foi avaliar se há associação entre postergar a administração de antibioticoterapia empírica precoce em pacientes críticos cirúrgicos com suspeita de infecção nosocomial, porém sem disfunções orgânicas agudas e sem foco óbvio de infecção, com progressão de disfunções orgânicas. MÉTODOS: Estudo retrospectivo observacional, incluindo pacientes que tiveram culturas coletadas devido a hipótese diagnóstica de infecção nosocomial. Grupo Terapia Antimicrobiana Empírica Precoce (GTEP): indivíduos que receberam antibióticos com espectro de ação ativo para tratamento de infecções nosocomiais em até 24 horas após coleta de culturas. Grupo Conservador (GC): pacientes que receberam antibióticos somente após 24 horas de coleta de culturas, ou que não receberam antimicrobianos. Os principais critérios de exclusão foram: sepse, choque séptico ou foco de infecção evidente. O desfecho primário foi composto por: aumento da escala SOFA acima de um ponto (sepse); hipotensão, hiperlactatemia e uso de vasopressores (choque séptico); ou morte em até 14 dias após a inclusão. Análise Multivariada foi prevista devido aos desbalanços entre os grupos. RESULTADOS: De 2007 admissões na UTI no período, 751 apresentaram suspeita de infecção nosocomial e 340 pacientes foram elegíveis para inclusão (74% vítimas de trauma). A maior parte das exclusões ocorreu devido a sepse (221 pacientes), choque séptico (81 pacientes) ou foco óbvio de infecção (51 pacientes). Idade, sexo, motivo de admissão hospitalar, escala Simplified Acute Physiology Score (SAPS3), escala Sequential Organ Failure Assessment (SOFA), uso de vasopressor ou de ventilação mecânica não foram diferentes entre os grupos. No GC, 57% dos pacientes receberam antibióticos em até 14 dias da inclusão (vs. 100% no GTEP). O desfecho composto ocorreu em 40% dos indivíduos no GC e 56% no GTEP (p<0,01). Análise multivariada evidenciou que a principal variável associada ao desfecho primário foi a infecção presumida com foco diagnosticado após inclusão (Odds Ratio 2,57; IC95:1,48-4,56; p<0,01). Não houve associação entre desfecho primário e o grupo alocado (GC ou GTEP). Na subanálise incluindo apenas pacientes com infecção confirmada por culturas, o atraso na instituição da antibioticoterapia apropriada teve associação independente com o desfecho primário (Odds Ratio 1,16 por dia de atraso; IC95:1,02-1,33; p=0,03). CONCLUSÕES: A ausência de antibioticoterapia empírica precoce em pacientes críticos cirúrgicos não sépticos com suspeita de infecção nosocomial sem foco infeccioso evidente não se associa com aumento da incidência de sepse, choque séptico ou óbito em 14 dias. Na subanálise realizada apenas em pacientes com infecções confirmadas por cultura, o atraso na administração do antibiótico efetivo contra o patógeno isolado esteve associado a piores desfechos