Jovens do sexo masculino de famílias de camadas populares: sociabilidade, identidade, subjetividade, masculinidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Risk, Eduardo Name
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-10102013-165031/
Resumo: A juventude assume características próprias conforme o contexto sociocultural e histórico. No Brasil, jovens pertencentes às camadas populares, em geral, ingressam no mercado de trabalho antes de atingir a maioridade legal, e passam a gozar de certa autonomia em relação à família. Durante a juventude as experiências vividas e os modos de conduta juvenis podem entrar em confronto com aqueles preconizados pelos pais. O grupo de pares contribui para a constituição da identidade pessoal e social dos jovens, além de ser importante agente na constituição de sua subjetividade. Esta pesquisa objetivou investigar como jovens do sexo masculino constituem suas identidades, subjetividade e masculinidade a partir das relações de sociabilidade vividas na família e no grupo de pares. Para isso, foram descritas e analisadas normas, códigos de conduta, representações de gênero e formas de sociabilidade que vigoram em cada uma dessas esferas. Foram realizadas nove entrevistas semiestruturadas, gravadas e transcritas, com jovens do sexo masculino, na faixa etária entre 17 e 23 anos, solteiros e inseridos no mercado de trabalho, pertencentes a famílias das camadas populares de Ribeirão Preto-SP. Além das entrevistas, realizou-se observação das formas de sociabilidade entre jovens em uma praça localizada na região central da cidade, e também foram realizadas observações em um bairro da periferia da cidade em que alguns entrevistados residiam. Os dados foram analisados qualitativamente, de acordo com a temática e fundamentados em referenciais teóricos da Antropologia, Sociologia e Psicologia. Ainda que pertençam a arranjos familiares distintos, os participantes apontam a mãe como figura afetiva e mais próxima deles, sendo o pai ou padrasto relativamente distante. Quanto à sociabilidade grupal, a maior parte dos participantes afirmou ter bastante afinidade com seus pares do mesmo sexo, com quem dividem questões pessoais, pois essas relações fundam-se na confiança mútua e na reciprocidade. O contato com os pares constitui um modo de amenizar as tensões entre orientações parentais e disposições juvenis, compartilhando com eles vivências comuns e modificando suas identidades, que se reconstroem ao longo de sua trajetória individual, social e geracional. A construção da masculinidade parece estar relacionada à honra, à virilidade. Apesar de manifestações tradicionais a respeito das relações de gênero, a maioria dos entrevistados também expressou vias alternativas a esse modelo. Desse modo, expressam certas mudanças em suas representações acerca das relações de gênero quando as comparam com as posturas paternas e ainda que essas inovações sejam relativamente reduzidas, convivendo ambiguamente com modelos tradicionais, julgam-se diferentes dos homens da geração anterior quanto a algumas dimensões definidoras da masculinidade e da convivência com mulheres. Com referência à trajetória dos participantes, em particular sua inserção precoce no mercado de trabalho e a convivência cotidiana com jovens que praticam atos ilícitos no bairro em que vivem, os entrevistados apoiam-se na família como referência para seus códigos morais, a fim de que sejam \"honestos\", opondo-se àqueles que se envolvem em atividades ilícitas, com quem convivem de modo cordial no bairro, ou até mesmo com quem podem ter alguma proximidade. (FAPESP)