O que há de novo no debate da 'qualificação do trabalho'?: reflexões sobre o conceito com base nas obras de Georges Friedmann e Pierre Naville.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Tartuce, Gisela Lobo Baptista Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-02062003-170242/
Resumo: Esta dissertação visa compreender o conceito de "qualificação do trabalho" tendo por base a obra de dois sociólogos franceses, Georges Friedmann e Pierre Naville, sociólogos que primeiro analisaram essa questão no século XX. Se a qualificação tem sido estudada desde a década 40, quando predominava a "organização taylorista/fordista" do trabalho, ela adquiriu novo contorno e destaque a partir dos anos 80, em virtude das transformações tecnológicas, econômicas, políticas e culturais que atingiram o mundo do trabalho. A passagem de um "modelo de produção rígida" para um "novo paradigma de produção", assentado na 'especialização flexível", tem demandado dos trabalhadores não apenas conhecimentos objetivos, formais e explícitos, mas também amplas habilidades cognitivas e comportamentais, tais como iniciativa, criatividade, cooperação, liderança, etc., para enfrentar os imprevistos da produção. Em uma palavra, as referidas mudanças estariam colocando em xeque o trabalhador especializado e exigindo um trabalhador polivalente. A partir daí, abriu-se um debate na sociologia: essas inovações seriam sinônimo de um trabalho caracterizado não mais pela dicotomia "concepção X execução", mas sim por uma divisão menos acentuada, na qual prevaleceria uma maior/nova qualificação dos indivíduos? Se, porém, a qualificação tem ganho destaque, ela tem sido simultaneamente questionada pela noção de competência(s), que supostamente daria conta dessas características subjetivas hoje valorizadas e requeridas pelas empresas. Nesse sentido, torna-se relevante perguntar qual a pertinência da continuidade do uso social e científico do próprio conceito de qualificação: a passagem de um paradigma produtivo a outro requer, necessariamente, a transformação das próprias palavras? Se assim o for, a qualificação pode ser substituída, sem mais, pela competência? Apesar das novidades contidas nas transformações descritas, várias das questões hoje enfatizadas no debate da qualificação já estavam presentes na reflexão de Friedmann e Naville, autores que não apenas fundaram a sociologia do trabalho na França, como também foram os precursores, respectivamente, das chamadas visões "substancialista" e "relativista" da qualificação. Dessa maneira, esta pesquisa busca analisar o fenômeno da qualificação do trabalho do ponto de vista teórico, a fim de saber se e em que medida as reflexões de um ou de ambos os autores podem contribuir para se pensar o conceito atualmente.