Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2013 |
Autor(a) principal: |
Souza, Nanci Nascimento de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8152/tde-05082013-093018/
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Resumo: |
Este trabalho consiste em analisar documentação referente à educação clandestina de crianças em idade inferior a quinze anos, no gueto de Varsóvia, durante a Segunda Guerra Mundial, quando Hitler, ao invadir a Polônia em 1939, ordenou o confinamento dos judeus em guetos. A citada documentação se refere aos diferentes olhares daqueles que se debruçaram a escrever sobre a educação nesse gueto, tais como: o olhar institucional, o olhar dos educadores e o olhar das crianças. Por meio dessa análise, buscou-se compreender a forma de organização e o andamento das atividades desenvolvidas pelo ensino clandestino, além de conhecer a percepção institucional, dos educadores e crianças envolvidos nesse processo educacional. Entre os documentos analisados, há referências à organização da educação clandestina em todos os níveis e em diversos lugares dentro do gueto. Em se tratando das crianças, faz-se menção à Central de Associações de Proteção aos Órfãos e Crianças Judias Abandonadas (Centos) oferecendo à criança cuidados sistemáticos de sobrevivência e educação; e às diversas organizações educativas de antes da guerra patrocinando em cantinas [refeitórios] um ensino mais próximo do ensino escolar, como por exemplo, a Organização ou União Central das Escolas Judaicas (TsYShO). Evidenciou-se que a educação foi um dos mais importantes cenários para a resistência individual e coletiva. A organização do ensino e as atividades educacionais foram orientadas às necessidades da criança como da comunidade. O momento exigiu que uma atitude social fosse tomada em conjunto com medidas educativas, assim, a educação velou pela vida física, emocional e, na medida do possível, pela vida intelectual da criança. O seu desenvolvimento intelectual, embora importante, não era entendido como prioritário apesar de serem ministradas disciplinas tais como geografia, história, matemática e literatura. Para tornar as atividades educacionais mais atrativas e desviar a atenção da criança da obsessão pela comida, o desenho, os jogos e as canções ocuparam espaço prioritário no atendimento à criança. Currículos foram elaborados de acordo com as prioridades ditadas pela situação extrema. O educador teve como missão prioritária a sobrevivência da criança e sua dignidade humana, por meio de cuidados sistemáticos procurou regastar a infância da criança, dando ao seu dia a dia um senso de normalidade: a criança deveria voltar a brincar, aprender, interessar-se pelos jogos e pelo ensino, deixar a mendicância, os roubos e o contrabando. Patrocinadores do ensino clandestino no gueto elaboraram seus objetivos e métodos com base nas experiências e reflexões de vários educadores, considerando princípios de higiene, alimentação, companheirismo, autogestão, atividades ligadas à natureza. A educação agiu como fomentadora da cultura e da história judaica, fadada, segundo a perspectiva nazista, ao aniquilamento, oferecendo à criança uma vida cultural intensa, com espetáculos e danças, concertos, concursos, entre outras atividades culturais. A educação considerou o momento presente da criança permitindo que adultos e crianças reagissem à realidade de modo a transformá-la, recorreu ao passado histórico fortalecendo na criança sua memória histórica e cultural e visualizou um futuro com possibilidades, no qual a criança sobrevivente à guerra daria continuidade a sua vida como indivíduo e como povo com história e memória. |