Avaliação da deformação miocárdica do ventrí­culo esquerdo pela técnica ecocardiográfica de speckle tracking em um modelo experimental animal de doença de Chagas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Ribeiro, Fernando Fonseca França
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-18072018-163515/
Resumo: Ferramentas diagnósticas capazes de detectar envolvimento cardíaco precoce na doença de Chagas são necessárias. A técnica ecocardiográfica de rastreamento de pontos, ou speckle tracking echocardiography (STE) oferece condições para o diagnóstico precoce de lesão cardíaca por avaliar a deformação miocárdica (strain). O objetivo do estudo foi avaliar as alterações sequenciais de parâmetros estruturais e funcionais dos ventrículos na evolução da doença. Um total de 37 hamsters fêmeas (Mesocricetus auratus) adultas receberam, por via intraperitoneal, 35.000 formas tripomastigotas de Trypanosoma cruzi (grupo Chagas) e outras 20 receberam igual volume de solução salina (grupo controle). Ecocardiograma foi realizado imediatamente antes da infecção (exame basal) e repetido para avaliação das fases aguda (1 mês) e crônica (4, 6 e 8 meses após). Foram avaliados: diâmetros do ventrículo esquerdo (DDFVE e DSFVE), fração de ejeção (FEVE), strain longitudinal (GLS), circunferencial (GCS) e radial (GRS) do ventrículo esquerdo e TAPSE, índice de função sistólica do ventrículo direito. A avaliação das diferenças entre os dois grupos ao longo de tempo foi realizada por meio da análise de variância (ANOVA) para modelos mistos de medidas repetidas. Ao exame basal, os dois grupos apresentaram idade média de 89 ± 1 dias. Os animais do grupo controle apresentaram peso de 130 ± 15 gramas; frequência cardíaca de 204 ± 18 batimentos/minuto, enquanto os do grupo Chagas apresentaram peso de 143 ± 12 gramas e frequência cardíaca de 198 ± 18 batimentos/minuto. Os valores de peso foram significativamente diferentes (p= 0,004) entre os grupos, mas não os de frequência cardíaca. A fração de ejeção do ventrículo esquerdo foi de 64 ± 5 % no grupo controle e de 61 ± 5 % no grupo Chagas, p= 0,10, enquanto o GLS foi de -15,2 ± 2,7 % no grupo controle e de -14,2 ± 3,4 % no grupo Chagas, p= 0,25. Na evolução da doença, o grupo Chagas apresentou aumento do DSFVE significativamente maior do que o aumento mostrado pelo grupo controle (valor-p da interação grupos#tempo= 0,007); a FEVE mostrou queda progressiva ao longo do tempo no grupo Chagas, com diferença verificada entre os grupos a partir de 6 meses do exame basal (valor-p da interação grupos#tempo= 0,005). O GLS e o GCS dos animais do grupo Chagas apresentaram comportamento significativamente diferente ao longo do tempo em comparação com o grupo controle (valor-p da interação grupos#tempo= 0,003 para o GLS e < 0,001 para oGCS). Para ambos, a diferença entre os grupos é verificada a partir do primeiro mês, quando se detecta queda pronunciada desses parâmetros de deformação. O índice TAPSE do grupo Chagas apresentou comportamento significativamente diferente ao longo do tempo em comparação ao grupo controle (valor-p da interação grupos#tempo < 0,009), com diferença observada a partir do primeiro mês. Diante disso, os resultados revelam que o GLS e o GCS são os parâmetros mais sensíveis para a avaliação funcional do ventrículo esquerdo na fase aguda e na fase crônica da doença de Chagas no modelo estudado.