A adaptação cinematográfica do romance Paranoid Park: uma visada semiodiscursiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Gomes Junior, Edison
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8147/tde-10032020-151539/
Resumo: O objetivo do trabalho é o de analisar a adaptação fílmica do romance Paranoid Park a partir da teoria semiótica francesa, utilizando as noções do percurso gerativo, tensividade e práxis enunciativa, que não apenas oferecem um vasto arsenal analítico do texto e do discurso, mas também refletem sobre a fabricação discursiva do sentido como modo de interação humana, prática de conjuntos significantes, que podem ser mais utilitários ou mitopoéticos, conteúdos expressivos gerados a partir de vários tipos de relação com o mundo natural. De maneira geral, através do percurso gerativo, comparamos as estruturas semionarrativas e discursivas de ambos os textos envolvidos na adaptação, o texto fonte e o texto alvo (a quo e ad quem respectivamente, uma instância textual inferior e abstrata e uma superior e concreta), observando também as relações inter e intratextuais entre seus planos da expressão e do conteúdo, e operações de figurativização. A partir da tensividade, discutem-se os modos e as sintaxes tensivas dos textos, a noção de campo de presença, e operações de intensidade e extensidade. Do ponto de vista da práxis enunciativa, os textos são observados como atualizações de outros discursos, literários e fílmicos, sendo objetos compostos em relações de ascendências e decadências discursivas, mais ou menos assumidas ou reconhecidas por um sujeito da enunciação. Além da análise da adaptação, propriamente dita, tratamos de questões pertinentes à linguagem verbal, ao texto literário, sua expressão tipológica / topológica, e à linguagem audiovisual, entendidas como conjuntos significantes compostos a partir de uma macrossemiótica formada de línguas naturais e mundo natural. Por causa da diferença entre nossos objetos e a base teórica utilizada, não apenas procuramos entender a linguagem cinematográfica semiodiscursivamente, mas também tratamos da arbitrariedade e motivação entre os planos do sentido do texto verbal e plástico, questões figurativas do espaço e do movimento, e do actante observador, elemento importante para a enunciação verbal e não verbal. Em relação ao texto fílmico, que proporciona a ilusão de movimento, o observador será considerado a partir de semióticas proxêmicas, gestuais e plásticas, e a distância entre esse actante e o mundo diegético do filme será concebida como graduação tensiva e semântica que oscila entre enunciador, narrador e ator interlocutor, criando diferente subjetividades, inclusive a de um autor, e também diferentes afetos. A análise da adaptação mostra que enquanto a adaptação pode ser considerada fiel, e ambos os textos propõe um engajamento sensível com o enunciatário, o ator da enunciação Gus Vas Sant, que não apenas transpõe o texto fonte, mas cria novos sentidos no texto alvo, imprimindo-o com novos ritmos, revela um projeto enunciativo de tradução intersemiótica que recicla, ou atualiza, gêneros fílmicos relacionados à impressão subjetiva, propondo um texto-acontecimento audiovisual.