Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Catani, Julia |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-25022019-120651/
|
Resumo: |
O desenvolvimento desta pesquisa é fruto da experiência psicanalítica junto ao Ambulatório de Transtornos Somatoformes (SOMA) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq-HCFMUSP), um setor que funciona, desde 2009, para receber os casos advindos do complexo hospitalar ou da rede pública, nos quais a questão subjetiva ganha relevo a partir de possíveis causas orgânicas. As manifestações são de alguma forma agravadas ou oriundas de conflitos psíquicos. Desde a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V-2013), tais pacientes são classificados como Transtornos de Sintomas Somáticos e Transtornos Relacionados. A tese confronta as inquietações clínicas de dez anos (2009-2018) de trabalho como analista no SOMA e indagações teóricas que foram sendo buscadas do que se trata, como se trata e o que se trata? Quatro eixos estruturam a condução da pesquisa e sua escrita: a) como os sistemas classificatórios definem os Transtornos Somatoformes (TS) e os Sintomas Somáticos; b) como são possíveis aproximações entre as duas categorias e a leitura psicanalítica; c) como os profissionais de outras instituições lidam com estes mal-estares; d) como entendo a subjetividade destes pacientes. A literatura médica responde, em linhas gerais, que, fundamentalmente, o vínculo médico-paciente configura-se como a maior potência para cuidar dos que adoecem, tendo-se mostrado produtiva a articulação entre a psiquiatria e a psicanálise. A experiência clínica corrobora os achados científicos. Quando admitidas no serviço, as pessoas são convidadas a falarem de seu sofrimento e suas histórias evidenciam vidas marcadas pela violência física, sexual e/ou psicológica, associadas à restrições de afeto. A escuta e a disponibilidade dos profissionais da equipe tende a fazer a diferença com relação aos que se encontram aferrados à rotina hospitalar em busca de exames, de atenção, de nomes e de compreensão de si e de seus corpos. Noção de trauma, dificuldade simbólica, flexibilidade do setting, empatia, vínculo, nomeação, contratransferência são valiosos para o entendimento e o cuidado destes pacientes e para o enfrentamento desta clínica que se mostra complexa e desafiadora aos que dela se ocupam. Freud e Ferenczi, dentre outros, são vitais para a tarefa. A aposta é que ao dispor da escuta do analista o paciente pode criar uma nova narrativa a propósito de sua vida e das dimensões clínicas de seu sofrimento. Tal narrativa, como aquelas com as quais nos constituímos, passa a ter papel estruturante nas transformações dos sintomas e na condução da própria existência. Dentre os efeitos do trabalho assim conduzido no ambulatório pode-se também observar a prevenção de riscos e de iatrogenias |