Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2005 |
Autor(a) principal: |
Zihlmann, Karina Franco |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-20122021-144154/
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Resumo: |
A pandemia de HIV/Aids tem atingido mais severamente as mulheres e questões reprodutivas tomaram-se cruciais, na medida em que o risco da TMI cai para taxas inferiores a 3% em mulheres que recebem acompanhamento pré-natal adequado. Nosso objetivo central foi conhecer como mulheres, vivendo com HIV/Aids, percebem e atribuem sentido às suas decisões reprodutivas, bem como caracterizar as formas de manifestação do desejo inconsciente, a partir do prisma psicanalítico. Realizamos entrevistas com 15 mulheres vivendo com HIV/Aids, grávidas ou que tiveram filhos após a descoberta da infecção pelo HIV. Utilizamos um roteiro temático com questões sócio-demográficas, percepção da situação de maternidade concomitante à soropositividade, aspectos relativos ao desejo e expectativas perante a prevenção da TMI. Os conteúdos das falas foram trabalhados mediante análise de produção de sentido e do referencial psicanalítico. Neste referencial a questão do desejo feminino não é tomada como sinônimo de \"vontade ou querer consciente\", ou ainda, \"como um desejo natural de ter filhos\", mas sim, como uma das possibilidades de resposta do sujeito perante seu desejo inconsciente. As entrevistadas apontaram, em função da gravidez, a reorganização de sua vida pessoal, obtenção de suportes familiares e institucionais adicionais, além do bom acolhimento e seguimento para profilaxia da TMI por parte da equipe de atendimento especializado. Revelaram também, dilemas e ambivalências relativos ao desejo inconsciente da gravidez e maternidade e que suas decisões reprodutivas não são pautadas pelo provável estado sorológico da criança. O discurso dessas mulheres apresentou ainda, uma contradição quando avaliam as decisões reprodutivas de outras mulheres soropositivas como uma \"loucura\" ou \"irresponsabilidade\", enquanto procuram se des-responsabilizar por suas próprias decisões. Isso ocorre porque elas estabeleceram uma relação especular idealizada com o Outro, como estratégia, para serem aceitas e, assim, tentam tamponar sua Falta constitutiva. Observamos que essa posição se evidencia nas relações conjugais-afetivas e tende a se repetir na relação com a equipe de saúde. O discurso das mulheres mostrou que seu comportamento não é, necessariamente, determinado pelas orientações recebidas da equipe, mas, foi possível identificar sua necessidade de se mostrarem como aderentes ao tratamento e gratas pelo suporte institucional. Concluímos que a Psicanálise pode trazer uma contribuição para o campo da Saúde Pública, à medida que permite a inclusão das idiossincrasias na relação do sujeito com o outro/Outro, e, assim, viabilizar o resgate da singularidade do desejo inconsciente do sujeito em questão, além de permitir uma reflexão sobre o cuidado terapêutico e o acolhimento no atendimento a mulheres vivendo com HIV/Aids. |