Contradição, engajamento e liberdade: reflexões de Sartre sobre o intelectual no século XX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Jacobelis, Paola Gentile
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-30082012-114500/
Resumo: Nesse trabalho buscamos entender as reflexões de Sartre sobre o lugar e a função possível do intelectual na situação histórica do século XX. Essas reflexões estão dispersas por toda sua obra, já que constituem uma tentativa de refletir sobre sua própria posição. No entanto, nos limites dessa dissertação nos detivemos principalmente nas duas obras que mais explicitamente tematizam a questão de forma sistemática: O que é Literatura, escrito em 1947, resultado da junção de quatro ensaios publicados inicialmente na revista Les Temps Modernes, e Em defesa dos intelectuais, também resultado da junção de três conferências proferidas no Japão em 1965. Para compreender o tema que nos propusemos cumpre então nos deter principalmente nas reflexões sobre o surgimento da noção de intelectual a partir da contradição de seu lugar social e histórico e de sua função, nos fins do século XIX e no século XX, na noção de engajamento dos homens em geral, do escritor e do intelectual, em particular, e suas relações com os conceitos de desvelamento de verdade, de dialética e de história. A dissertação desenvolve-se então em três partes. Na primeira, visamos reconstituir o surgimento do problema em torno da idéia de uma função prática do intelectual, retomando seu modelo ideal no século XVIII e as questões surgidas no século XIX a partir da concepção marxista de ideologia e seu desenvolvimento no pensamento de Gramsci, além de expor a concepção de Sartre sobre a situação que faz emergir a figura do intelectual propriamente dito em fins do século XIX a partir de uma situação histórica determinada que o define por uma contradição interna que expressa a dilaceração das sociedades capitalistas do século XX. Na segunda parte, buscamos esclarecer a noção de engajamento em Sartre que diz respeito à condição ontológica de todos os homens, mas adquire contornos específicos nas figuras do escritor (de prosa) e do intelectual, que se propõem a um empreendimento de comunicação de seu desvelamento da verdade e da realidade histórica para a libertação dos homens (já ontológicamente livres). Para tal, ainda será preciso esclarecer o modo específico desse engajamento pela análise da linguagem e as relações das noções de escritor e intelectual. Enfim, na terceira parte, propomos relacionar a discussão teórica sobre o intelectual com a prática concreta de Sartre como um exemplo de intelectual engajado, a partir somente de alguns poucos empreendimentos que jugamos exemplares de sua ação como um todo.