Como é a escola dos grandes? Expectativas sobre lá, enquanto estão aqui: as vozes das crianças

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Rocha, Fulvia de Aquino
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48140/tde-14062023-113011/
Resumo: Esta tese aborda a questão da transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. Aborda como problema de pesquisa quais são as expectativas, quais conhecimentos as crianças revelam sobre o movimento de saída da educação infantil e chegada a um novo espaço. A pesquisa procurou compreender como as crianças, do período final da educação infantil, narram suas expectativas quanto ao movimento de transição para o ensino fundamental. Os objetivos específicos foram: analisar as narrativas infantis de modo a desvelar elementos que potencializam ou dificultam uma transição integrada e geradora de aprendizagens; trazer subsídios para se pensar, do ponto de vista curricular, práticas de integração que pudessem ser assimiladas pelos contextos educativos. A compreensão de transição adotada na pesquisa se relaciona à concepção de transições ecológicas (BRONFENBRENNER, 1996) e a base de argumentação com a Pedagogia-em-Participação (FORMOSINHO, OLIVEIRA-FORMOSINHO 2011, 2016) que valoriza processos educacionais participativos, sustenta a concepção de uma criança competente e ativa, que nas relações com adultos sensíveis e com seus pares podem ter experiências significativas, sendo partícipes e corresponsáveis pelo seu desenvolvimento e pelas suas aprendizagens. Assentada nessa compreensão é que a investigação buscou dar lugar às crianças, para ouvir suas vozes e experienciar momentos junto com elas. Isso foi feito durante o ano de 2019, em um estudo de campo que adotou como orientação metodológica a etnografia com crianças (GRAUE; WALSH, 2003), de modo a captar seus pontos de vista acerca de suas expectativas e sentimentos. Para tanto foi preciso criatividade no processo de geração de dados e várias estratégias foram compostas. Vale a ressalva de que em relação às crianças, o assentimento (FERREIRA, 2010), ou seja, a decisão em relação a sua participação na pesquisa ocorreu a cada proposta. A pesquisa foi realizada em duas realidades: uma Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) dentro de um Centro de Educação Unificado (CEU) e uma Independente, fora do CEU, nos agrupamentos do segundo ciclo. O estudo evidenciou a ausência no tratamento do tema da transição entre as crianças das Unidades Educativas pesquisadas, que têm o imaginário composto a partir das poucas informações obtidas pelas falas de familiares em seus contextos sociais, o que compõe uma base rasa e incapaz de apoiar suas expectativas e sentimentos. As vivências a partir das estratégias de pesquisa se apresentaram como espaços onde foram constituindo um repertório sobre a transição. Suas expectativas e sentimentos revelaram-se ambíguos, a vontade de permanecer no contexto imediato, familiar e o desejo em extrapolá-lo conectado ao desejo de se tornar grande. É imperativo que estratégias de transição sejam planejadas, dialogadas e inseridas nos projetos das instituições tanto de educação infantil quanto de ensino fundamental, para que o diálogo sobre esse movimento faça parte das rodas de conversa e experimentações e as crianças encontrem espaço para expor o que pensam, sentem e sejam apoiadas em seus processos, de forma a viverem a continuidade dos processos e uma organização pedagógica e institucional que preserve as infâncias.