Bergsonismo musical: o tempo em Bergson e a noção de forma aberta em Debussy

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Socha, Eduardo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-08022010-115117/
Resumo: Esta dissertação procura estabelecer uma confrontação teórica entre a filosofia da duração de Henri Bergson e o projeto composicional de Claude Debussy, no que diz respeito às estratégias de renovação da noção tradicional de tempo, estratégias que, embora aplicadas a setores distintos, fazem reverberar analogamente o mesmo espírito de época. Evidentemente, não desejamos propor homologias entre conceitos da filosofia e soluções técnicas musicais. Observamos todavia que tanto o projeto filosófico de Bergson quanto o projeto musical de Debussy compartilham o solo de uma crise geral de expressividade na passagem do século 19 para o 20, diante do esgotamento das possibilidades formais tanto do gênero conceitual no interior da filosofia quanto da tonalidade no interior da linguagem musical. Nos dois primeiros capítulos, analisamos a constituição do bergsonismo como o método que, contendo duas etapas indissociáveis (crítica da metafísica ocidental e proposição da intuição como modalidade de conhecimento), fornece um novo conceito positivo de tempo; apontamos em seguida os critérios para uma eventual estética bergsoniana. Nos capítulos seguintes, descrevemos a formalização da temporalidade musical na obra de Debussy, à luz do bergsonismo, verificando de que maneira seus procedimentos composicionais rompem com as proto-narrativas do tempo musical sedimentadas pela tonalidade. A escolha do quadro bergsoniano também decorre da oposição, sugerida por Theodor Adorno em Filosofia da Nova Música, entre a temporalidade das obras de Debussy e aquela das obras de Stravinsky. Apesar das técnicas de espacialização dos planos e da construção de modelos temáticos atomizados, Debussy conseguiria preservar a sensação orgânica de uma temporalidade subjetivamente perceptível, que Adorno chama de bergsonismo musical, ao passo que Stravinsky realizaria a dissolução métrica do tempo musical, mediante justaposições e montagens rítmicas que abandonam a ideia de transição (ou seja, lançando o tempo-espaço contra o tempo-duração).