Avaliação da disfunção renal durante tratamento da hepatite B com tenofovir (TDF)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Maciel, Alessandra Mendonça de Almeida [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/67505
Resumo: Objetivo: Analisar disfunção renal pelo fumarato de tenofovir desoproxila (TDF) no tratamento da infecção crônica pelo vírus hepatite B (HBV), e determinar os fatores de risco a ela envolvidos. Métodos: Estudo transversal de adultos portadores de hepatite B crônica recrutados nos serviços de hepatologia e infectologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, e no de hepatologia do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro entre maio/2018 e maio/2019. Coinfecção pelo vírus da hepatite C, HAS em tratamento com mais de três medicamentos, DM, taxa de filtração glomerular (TFG) basal (próximo ao diagnóstico do HBV ou início do TDF) estimada pela fórmula CKD-EPI inferior a 60mL/min e neoplasias foram critérios de exclusão. Três grupos (G) foram constituídos - G1: monoinfectados pelo HBV sem tratamento prévio; G2: monoinfectados pelo HBV em tratamento com TDF e G3: coinfectados HBV-HIV em tratamento com TDF. Realizada visita única de inclusão para consulta médica, obtenção de dados demográficos, epidemiológicos e resultados de exames relacionados à infecção pelo HBV e/ou HIV em prontuário médico, além de dosagem de: glicose, ureia, creatinina, fosfato séricos; creatinina, glicose, fosfato, albumina, retinol binding protein (RBP), neutrophil gelatinase associated lipocalin (NGAL) urinários; urina tipo 1 com pesquisa de dismorfismo eritrocitário. As TFG dos momentos basal e de inclusão no estudo foram estimadas. Piora da função renal foi definida como queda na TFG entre momentos basal e de inclusão, suficiente para progressão no grau de classificação pelo CKD-EPI. Resultados: Foram incluídos 120 indivíduos (G1:35%; G2:49,2%; G3:15,8%), cujas vias mais frequentes de aquisição foram sexual (42,5%) e cirurgia prévia (42,5%), mediana de idade 50,5 anos (DP=12,9a), e dos quais 63,3% eram homens, 60,8% brancos e 30% hipertensos. HBeAg não reagente predominou no G1 (97,6%) e G2 (67,8%), e reagente no G3 (63,2%; p<0,001). Em 65,8% dos indivíduos, fibrose hepática era leve (Metavir ≤ 2), e cirrose foi mais frequente no G2 (G1=2,4%; G2=18,6%; G3=10,5%; p<0,036). Tempo de diagnóstico do HIV (12,4a) foi superior ao do HBV (G1=11,3a; G2=12,2a; G3=9,9a), assim como tempo de uso de TDF na coinfecção (G2=4,2a; G3=8,3a; p<0,001). Medianas de todas as variáveis laboratoriais eram normais e sem diferenças estatísticas entre os grupos. Contudo, NGAL estava acima do normal em 5,3% (G1:3,2%; G2:8,7%; G3:0%; p=0,582), RBP em 6,7% (G1,G3=0%; G2=13,6%; p=0,012) e relação fosfato/creatinina urinária em 16,2% (G1=15,2%; G2=14,5%; G3=23,5%; p=0,842) dos casos. Houve redução da TFG, significativa no G2 (-7,2; p=0,004) e G3 (-11,5; p=0,006), mas não no G1 (-1,7; p=0,510). Piora da função renal ocorreu em 22,5% da população global (G1=11,9%; G2=28,8%; G3=26,3%; p=0,122), fortemente associada ao uso de TDF (ORaj=2,66; p=0,110) e sexo masculino (ORaj=2,39; p=0,135), contudo, de forma significativa, apenas à HAS (ORaj=4,14; p=0,008). A concomitância dessas variáveis gerou o maior risco estimado para tal desfecho (51%). Conclusões: Disfunção tubular renal foi diagnosticada com pouca frequência, segundo a dosagem de NGAL (5,3%), RBP (6,7%) e da relação fosfato/creatinina urinária (16,2%). Piora da função renal associou-se significativamente apenas à HAS (ORaj 4,14; p=0,008), contudo a concomitância com uso de TDF e sexo masculino elevou seu risco (51%). Nessa casuística, TDF não se mostrou fator independente relevante para piora da função renal.