O Exército Inútil de Robert Altman: cinema e política (1983)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Trovão, Flávio Vilas-boas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-16112010-141514/
Resumo: O filme O Exército Inútil, realizado no ano de 1983 pelo diretor americano Robert Altman é a adaptação cinematográfica do texto dramatúrgico de David Rabe intitulado Streamers. A partir das discussões sobre a relação entre Cinema e História, a análise do filme se direcionou para as questões políticas e sociais presentes na obra, articulando-as com o contexto histórico e social nos Estados Unidos no início dos anos 1980. O filme refere-se ao momento profissional em que Robert Altman encontrava-se com dificuldades para realizar seus projetos junto à indústria cinematográfica americana, o que o levou a atuar em produções de menor orçamento, veiculadas, principalmente, em festivais de cinema nos Estados Unidos e na Europa. O Exército Inútil narra a história de quatro recrutas e dois sargentos que se encontram em uma caserna do exército americano, aguardando o envio para o Vietnã. Ao longo da trama, os conflitos raciais e sexuais acabam por conduzir o grupo a um final trágico, com a morte de duas personagens e a prisão de outra. Relacionando as situações retratadas no filme, estabeleceram-se as temáticas que conduziram este estudo, privilegiando as questões referentes aos conflitos raciais e homossexuais nos Estados Unidos no início dos anos 1980. Nessa época, Ronald Reagan tornou-se presidente da República e, com apoio de políticos conservadores, iniciou um processo de diminuição dos recursos federais destinados aos programas sociais de amparo aos pobres e grupos representantes das minorias no país, ao mesmo tempo em que privilegiava o incremento da indústria bélica. A partir desse contexto, foram examinados os efeitos dessa política nas comunidades negras dos Estados Unidos, que se encontravam sob pressão política e social. Simultaneamente aos cortes nos serviços públicos, observou-se a ampliação da presença dos negros entre a população carcerária, revelando o caráter conservador daquelas medidas. O implemento de tais políticas para as comunidades homossexuais nos Estados Unidos, nos primeiros anos da década de 1980, foi analisado a partir proliferação da AIDS, cujas causas eram ainda desconhecidas, bem como seus impactos. Como resultado ocorreu a mobilização da própria comunidade pelo controle da síndrome e a tentativa de barrar seu avanço. Nesse contexto, o filme foi interpretado como uma forma de representação dos conflitos sociais que vinham se operando na sociedade americana, na época de sua produção e exibição. A indústria cinematográfica americana também foi favorecida pelas políticas conservadoras do período e privilegiou um modelo de produção que tinha como principal característica a utilização de efeitos especiais e intensa divulgação, o que elevava os custos e exigia retornos financeiros cada vez mais vultosos. Diante desse quadro, o filme O Exército Inútil, além de representar os conflitos políticos presentes na sociedade americana da época, refere-se, também, aos processos de mudanças que vinham ocorrendo em Hollywood desde os finais da década de 1970 e que, naquele momento, refletiam-se nos trabalhos de Robert Altman. O filme, portanto, foi entendido como uma obra que dialoga com as transformações políticas ocorridas nos Estados Unidos no início dos anos 1980.