O herói do outro lado do espelho: o papel da ideologia na construção social de sucesso profissional 

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pereira, Gustavo Speierl de França
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-21122021-113430/
Resumo: Este trabalho tem como objetivo demonstrar o papel ideológico da construção social de sucesso profissional e da figura do líder empresarial no mundo corporativo contemporâneo. Inicialmente, realizamos uma reflexão teórica assentada em bases objetivas sobre o estabelecimento de uma narrativa que busca deslocar para o indivíduo tanto a busca pelo aumento da produtividade quanto o ônus das disfunções estruturais do capital, consolidando a ideologia. Caracterizamos o conceito de ideologia como um instrumento de dominação que se estabelece por meio do ocultamento da realidade e da naturalização da desigualdade social. Para subsidiar nossa reflexão, analisamos com base na metodologia construtivo-interpretativa duas edições de uma revista especializada e representativa do universo corporativo. Identificamos que a ideologia toma forma por meio da procura pelas empresas por determinadas habilidades do trabalhador, o qual, dependendo de sua aderência ou não a estas demandas, é marcado pela sociedade e por si próprio com os rótulos das construções sociais de fracasso ou de sucesso profissional. Observamos que a exigência destas habilidades, em sua maioria socioemocionais, se dá de maneira inconstante, obrigando o indivíduo a ser flexível a ponto de fragmentar a sua integralidade como sujeito. Percebemos que o líder-herói é um ator fundamental neste processo, transmitindo, administrando e sedimentando a ideologia, edificando nos demais trabalhadores a crença de que podem alcançar as mesmas conquistas que ele, independentemente do seu contexto social. Além disso, demonstramos o modo como as empresas estabelecem um processo de compensação ideológica por meio de uma pseudo-humanização do trabalhador, implementando medidas limitadas, abstratas e paliativas que em última instância beneficiam apenas a própria organização e tangenciam o âmago do problema