A epígrafe de Novas Cartas Portuguesas: a semeadura dos Cravos por Barreno, da Costa e Horta

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Fazilari, Fábio Luiz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8150/tde-25102019-184315/
Resumo: As obras Maina Mendes (1969) de Maria Velho da Costa, Ambas as mão sobre o corpo (1970) de Maria Teresa Horta e Os Outros Legítimos Superiores (1970) de Maria Isabel Barreno anelam-se em sororidade no que se refere ao direcionamento de seu olhar denunciatório acerca das tribulações vivenciadas pela sociedade portuguesa durante o regime salazarista. Entrelaçadas por projetos literários afins tais obras estampam em suas personagens, especialmente nas femininas, os efeitos ruinosos de um regime político em que o totalitarismo de um Estado sobrepõe-se ao estado de direito. Reverbera nos três romances, igualmente, o olhar crítico por meio de uma escrita de autoria feminina que delata a sujeição por que passam estratos sociais menos favorecidos da sociedade portuguesa e, notadamente, as mulheres. Assim, em Maina Mendes destacar-se-á a estratégia de sobrevivência adotada pela protagonista para que possa insurgir das artimanhas do discurso patriarcal que ressoa em momentos distintos de toda sua existência. Em Ambas as mãos sobre o corpo será registrado como o corpo feminino é concebido como espécie de instituição estatal regida apenas pelos homens e interditado às mulheres que experimentarão distintos momentos de assombros, descobertas, êxtases e violências em seus próprios corpos. E, por fim, em Os Outros Legítimos Superiores serão assinaladas as ruínas de uma sociedade arraigada em valores antiquados que, a fim de suplantar as deficiências de uma economia estagnada, compreende a colonização africana como única via possível. Por certo que as personagens femininas representarão papel relevante para o desmascaramento do cenário erigido pelo salazarismo. Serão conduzidos diálogos temáticos entre as três obras com Novas Cartas Portuguesas (1972), obra escrita a seis mãos pelas mesmas escritoras. Dessa forma serão distinguidos neste trabalho os contornos sociopolíticos das obras estudadas e seu contributo no plano ideológico para que a Revolução transcendesse as páginas dos romances e florescesse no meio das ruas portuguesas.