O perfil das crianças e adolescentes usuários de álcool e/ou outras drogas atendidas em um pronto socorro e a percepção da equipe de enfermagem sobre o processo de trabalho nesta unidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Macedo, Maraiza Mitie de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-06022015-194352/
Resumo: A principal causa dos atendimentos psiquiátricos de emergência às crianças e adolescentes é o comportamento agressivo, presente inclusive no abuso/ intoxicação por drogas. As unidades de emergência que atendem esta clientela lidam com o imediatismo das situações de saúde, somados às dificuldades inerentes ao manejo das questões relacionadas ao uso de substâncias e a complexidade do processo de trabalho para esta demanda neste setor. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar os atendimentos de emergência psiquiátrica às crianças e adolescentes com transtornos pelo uso de substâncias, analisando os aspectos operacionais e emocionais relacionados ao trabalho da equipe de enfermagem no cuidado a esta clientela, no Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas de Marília no período de 2000 a 2011. Trata-se de um estudo na combinação das abordagens quantitativa e qualitativa, dividido em duas fases, cuja primeira foi quantitativa, com um estudo transversal, descritivo exploratório a partir de dados secundários referentes aos atendimentos de emergência psiquiátrica relacionados ao uso de substâncias para menores de 18 anos. A segunda fase foi qualitativa, também transversal, descritiva e exploratória na qual foi utilizada a técnica de entrevista semiestruturada para a coleta de dados. Foram realizados 4.198 atendimentos de emergência psiquiátrica para crianças e adolescentes, 1.010 foram por problemas relacionados ao uso de álcool e/ou outras drogas, sendo o ano de 2011 o que mais registrou atendimentos. A idade prevalente foi dos 10 aos 17 anos, com predomínio dos 16 anos de idade, da cor branca, cursando o Ensino Fundamental, religião católica e predomínio do consumo de múltiplas drogas. Dentre os profissionais de enfermagem que lidam com esta demanda, participaram das entrevistas 6 enfermeiros e 25 auxiliares de enfermagem. Para a maioria dos participantes, não há diferença entre o atendimento de crianças e adolescentes com adultos, quando há, justificam pelas emoções e sentimentos que esta clientela desperta. O acolhimento se dá com contenção física e química e consulta médica. Os saberes especificados foram o conhecimento teórico/prático, ética profissional e habilidade de comunicação. Foram citadas tecnologias leve-duras, como agilidade, postura firme, observação e atenção. Já as tecnologias leves foram citadas a abertura para diálogo, paciência, discernimento, afetividade, discrição e humanização. Identificaram-se também desafios para a realização destes atendimentos, como a carência de melhorias nos aspectos físico-estruturais e da própria organização do processo de trabalho, a falta de privacidade para o atendimento, o número reduzido de profissionais de enfermagem e a falta de treinamento/capacitação. Foi citada uma sala específica da psiquiatria e também o próprio corredor, como locais de atendimento. Conclui-se que os resultados do presente estudo contribuem com o contexto das políticas e práticas em saúde relacionadas ao uso de substâncias, pois fornece um panorama sobre a emergência desta problemática entre os adolescentes. Considerando o papel central da enfermagem nestes setores, os resultados possibilitarão uma reflexão crítica sobre a sua responsabilização em relação às possíveis atividades preventivas, a adequação do cuidado de enfermagem a essa clientela e, sobretudo sua responsabilidade em relação ao desfecho destes atendimentos