Economia solidária, saúde mental e subjetividades: governamentalidade e resistência em um programa de geração de renda no município de Santo André, SP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Taconeli, Aline de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-07122023-103322/
Resumo: Esta tese aborda a relação entre subjetividade, trabalho e loucura, com foco na produção de subjetividades na interação dos indivíduos com o campo do trabalho, nas práticas cotidianas de um serviço inserido na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), tendo como pano de fundo a perspectiva teórica foucaultiana. A forma como os seres humanos se relacionam com o trabalho tem evoluído ao longo do tempo, e essa mudança também afeta a própria produção da subjetividade humana, sendo esse o eixo principal que norteia esta investigação, aproximando a produção de subjetividade em relação com o trabalho com as práticas de cuidado da loucura. O estudo utiliza ferramentas metodológicas de Michel Foucault, como arqueologia, genealogia e ética, para investigar a produção de subjetividades dos usuários de Saúde Mental inseridos em um programa de geração de trabalho e renda, por meio do dispositivo da reabilitação psicossocial, nos moldes da Economia Solidária. A ênfase de investigação principal se dá por meio de aproximação à terceira fase foucaultiana, a ética, fundamental para a compreensão das relações de saber-poder, práticas de si e produção de subjetividades. O objetivo é compreender os modos de subjetivação e as práticas de resistência no trabalho autogestionário em Saúde Mental e Economia Solidária, no Núcleo de Projetos Especiais de Santo André (NUPE), especificamente na Central Unida de Pessoas Inventando Novas Saídas (CUPINS). Explora as relações entre discurso e práticas sobre o trabalho e produção de subjetividade, analisando a história da relação entre trabalho e loucura e sua formalização por meio de políticas públicas que embasam práticas de governamentalidade. A pesquisa utiliza a etnografia e a cartografia para se aproximar dos usuários-trabalhadores e de suas experiências cotidianas, buscando entender a produção de subjetividade no contexto do trabalho, nas interações entre os participantes e no próprio serviço. O estudo apresenta o contexto da cidade de Santo André, SP, sua história na Luta Antimanicomial por meio de movimentos de resistência e a efetivação da Reforma Psiquiátrica. Introduz o NUPE e se aprofunda no CUPINS, oficina vinculada à Saúde Mental e à Economia Solidária, onde a pesquisa etnográfica e cartográfica é realizada. Com base nas ferramentas foucaultianas, o estudo visa produzir um texto-experiência no formato de crônicas, aproximando a pesquisa científica da literatura. Nas crônicas, busca narrar a produção de subjetividade dos sujeitos-trabalhadores-usuários no contexto de trabalho autogestionário e Economia Solidária, explorando modos de subjetivação, resistência e relações de poder-saber que se produzem no cotidiano. Em suma, a tese visa entender como as subjetividades são construídas e influenciadas pelas formas históricas de organização do trabalho em relação com a loucura, discursos sobre o trabalho e práticas de governamentalidade, destacando os movimentos de resistência. Enfatiza a importância do olhar para o presente por meio de uma abordagem de pesquisa que se apresenta contra hegemônica, adotando uma postura ético-política para a compreensão das complexidades do campo de pesquisa e, assim, ensaiar novos saberes e modos de ação para a própria ciência psicológica.