Utilização de resíduo úmido de cervejaria como fonte proteica em dietas para ovinos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Assis, Rhaíssa Garcia de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11139/tde-10072023-162508/
Resumo: Foram conduzidos três experimentos com objetivo de avaliar os efeitos da substituição do farelo de soja por teores crescentes de resíduo úmido de cervejaria (RUC) em dietas para ovinos. Experimento 1: Foram utilizados 5 cordeiros com peso médio inicial de 48,3 ± 2,0 kg e 250,4 ± 20,3 dias de vida (média ± DP), canulados no rúmen. O delineamento experimental utilizado foi o quadrado latino 5 x 5. As dietas experimentais foram compostas de 10% de volumoso (feno de Coastcross) e 90% de concentrado. A dieta controle continha 14,6% de farelo de soja (% MS), sem inclusão de RUC (0RUC). Nas demais dietas, o RUC substituiu o farelo de soja nas proporções de 25 (25RUC), 50 (50RUC), 75 (75RUC) e 100% (100RUC), resultando em 0; 7,6; 15,1; 22,8 e 30,2% de RUC na MS. Não houve efeito de dieta sobre o consumo de MS, MO e PB, entretanto foi observado aumento linear no consumo de FDN (P < 0,001), FDA (P < 0,001), EE (P < 0,01) e redução linear (P < 0,001) no consumo de CNF. Houve efeito quadrático sobre a digestibilidade da MS (P < 0,05), MO (P < 0,05) e PB (P < 0,01), com o menor valor observado para a dieta 75RUC e redução linear na digestibilidade do CNF em resposta ao aumento nos teores de RUC. A substituição do farelo de soja pelo RUC aumentou linearmente a proporção molar de acetato (P < 0,01) e diminuiu linearmente o propionato (P < 0,01), havendo como consequência aumento linear na relação acetato:propionato (P = 0,04). Além de promover aumento na proporção molar de isovalerato (P < 0,05). O pH ruminal aumentou linearmente (P < 0,001) com a inclusão do RUC nas dietas, reduzindo linearmente o tempo de permanência do pH ruminal abaixo de 5,5. Embora a excreção de nitrogênio nas fezes tenha sido maior com a substituição de 75% do farelo de soja por RUC (P < 0,05), não houve efeito (P > 0,10) sobre o N retido. Experimento 2: Quarenta e cinco cordeiros com peso médio inicial de 23,68 ± 0,18 kg e 73,46 ± 7,27 dias de vida (média ± DP) foram distribuídos em delineamento experimental em blocos completos casualizados (5 tratamentos e 9 repetições). As dietas experimentais foram compostas de 10% de volumoso (feno de Coastcross) in natura) e 90% de concentrado. A dieta controle continha 14,6% de farelo de soja (% MS), sem inclusão de RUC (0RUC). Nas demais dietas, o RUC substituiu o farelo de soja nas proporções de 25 (25RUC), 50 (50RUC), 75 (75RUC) e 100% (100RUC), resultando em 0; 7,6; 15,1; 22,8 e 30,2% de RUC na MS. O CMS (kg/d) apresentou resposta quadrática (P < 0,001) com maior consumo apresentado pelos animais da dieta 25RUC. Para os dados de GMD e EA não houve efeito das dietas, contudo houve tendência de efeito quadrático (P = 0,07) para o GMD, com os maiores ganhos para os animais consumindo a dieta 25RUC. Para os dados de comportamento ingestivo, o tempo despendido com ruminação em min/d apresentou aumento linear (P < 0,001) com a inclusão do RUC na dieta. O tempo gasto com mastigação em min/d aumentou linearmente (P < 0,01) o que consequentemente reduziu linearmente (P < 0,01) o tempo em ócio. Na análise de custo operacional efetivo (COE) e de sensibilidade, a substituição de 75 e 100% do farelo de soja por RUC reduziu o COE, já a substituição de 25, 50 e 100% aumentou o resultado operacional e a margem bruta. A substituição total levou ao menor risco de redução da rentabilidade com a alteração dos preços do farelo de soja e do RUC. Experimento 3: Sessenta e três borregas com peso inicial de 24,6 ± 3,6 kg e 105,3 ± 11,0 dias de vida (média ± DP), foram distribuídas em blocos completos casualizados (3 tratamentos e 21 repetições). As dietas experimentais foram compostas de 20% de volumoso (bagaço de cana-de-açúcar in natura) e 80% de concentrado. A dieta controle continha 18% de farelo de soja na MS da dieta, sem inclusão de RUC (0RUC). Nas demais dietas, o RUC substituiu o farelo de soja na proporção de 50 (50RUC) e 100% (100RUC) da concentração original do farelo de soja, resultando em 0, 10 ou 20% de RUC na MS da dieta. Houve diminuição linear (P < 0,001) no CMS em kg/d, GMD e peso corporal no final de cada período experimental, à medida que o RUC substituiu o farelo de soja. A EA reduziu linearmente no primeiro período (P < 0.001), no entanto, no segundo período não houve diferença na EA entre as dietas experimentais. A análise de custo apresentou redução do custo da dieta por kg de MS e com base no CMS conforme aumentou o teor de RUC, por outro lado, o custo da dieta por kg de GMD, aumentou à medida que se aumentou o RUC. Em conclusão, a substituição do farelo de soja por RUC para cordeiros alimentados com dietas de alto concentrado durante a engorda, minimizam o risco de acidose e não alteram a EA, e nem os parâmetros de carcaça, isso associado ao decréscimo do preço da ração, proporcionam aumento no resultado operacional do sistema de confinamento, sendo viável a curto prazo, se apresentando, portanto, como uma alternativa de ingrediente proteico para engorda de cordeiros em confinamento, podendo reduzir o impacto ambiental oriundo da indústria cervejeira. Já a substituição do farelo de soja pelo RUC na dieta de borregas na fase de recria, contendo como fonte de volumoso o bagaço de cana in natura, apenas a substituição de até 50% proporcionam ganhos de peso adequados, sendo a substituição total, prejudicial para o ganho de peso, limitando o desenvolvimento das borregas. Economicamente, a substituição de 50% e 100% do farelo de soja pelo RUC reduz os custos diários com alimentação, no entanto, com a substituição de 100%, o decréscimo no ganho de peso é demasiado, o que pode comprometer o peso das borregas ao início da vida reprodutiva.