Características clínicas e sociodemográficas de uma população com disforia/incongruência de gênero

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Okano, Sérgio Henrique Pires
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17145/tde-23082020-105324/
Resumo: Introdução: A Disforia/Incongruência de gênero (D/IG) é uma condição em que a identidade de gênero de uma pessoa é incongruente com o sexo biológico designado ao nascimento. A D/IG é uma condição que demanda assistência multiprofissional em saúde para tornar o corpo da pessoa congruente com sua identidade. Objetivos: Identificar o momento de vida em que houve a percepção da D/IG, descrever as características clínicas e sociodemográficas dessa população e os resultados das avalições hormonais dessas pessoas durante o seguimento no AING. Metodologias: Estudo transversal de revisão de prontuários das pessoas com diagnóstico de D/IG em seguimento no AING de janeiro de 2010 a julho de 2018. Resultados: 125 mulheres trans e 68 homens trans foram avaliados. A percepção da incongruência de gênero foi percebida pela maioria das pessoas com D/IG na infância, porém foi estatisticamente maior em homens trans (OR: 2.05, p=0,02). Cento e vinte e oito referiram exercer atividade remunerada. Homens trans informaram ser estudantes em maior número do que as mulheres trans (OR= 2,15,p=0,03). A prostituição foi relatada apenas em mulheres trans, assim como a prevalência de ISTs e HIV. Prevalência de tabagismo, etilismo e drogadição foram respectivamente 35,9%, 18,1% e 11,9% para todas as pessoas com D/IG; 21,6%, 17,6% e 13,6% para as mulheres trans e 33,8%, 19,1% e 11,7% para os homens trans. E, por fim, a automedicação prévia ao caso novo foi mais frequente nas mulheres trans (OR:4,87, p<0,01). Em homens trans submetidos ao tratamento com androgênios houve aumento tantos dos níveis de estrogênio quanto de testosterona após início do tratamento, em mulheres trans foi observada a redução da testosterona com a hormônioterapia. Foi observado um nível superior ao esperado para a população feminina nos níveis séricos de testosterona pré-tratamento de homens trans. Conclusão: A percepção da transexualidade ocorre na infância e é mais percebida pelos homens trans. As mulheres trans possuem maior prevalência de HIV, ISTs, casos de prostituição, tabagismo, etilismo e drogadição. Os homens trans frequentam mais escolas do que mulheres trans. Homens trans virgens de tratamento possuem níveis séricos de testosterona maiores do que a mulheres cis.