Flora das Formações Carache e Palmarito (Neopaleozoico), na região Carache, estado de Trujillo, Venezuela

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1994
Autor(a) principal: Torres, Fresia Soledad Ricardi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-11062015-094001/
Resumo: As formações neopaleozóicas Carache e Palmarito, na região de Carache, Estado TrujiIlo, Venezuela, apresentam camadas com fósseis vegetais bem preservados. A presença desses fósseis foi primeiramente registrada por Pierce et alii (1961),e preliminarmente classificados por Benedetto & Odreman (1977a). Odreman & Wagner (1979) retomaram o estudo dessas tafofloras, mas somente para precisar as idades das camadas onde ocorrem. Embora sem entrar em detalhes sistemáticos, estes dois últimos trabalhos já observaram que, de acordo com a composição de tais tafofloras, interessantes conclusões paleobiogeográficas poderiam ser feitas, principalmente pela presença de folhas gigantopteróides no Afloramento de Loma de San Juan da Formação Palmarito. O presente estudo tem como objetivo principal a análise sistemática detalhada da flora presente nesse afloramento. Foram identificadas as espécies: ?Sphenophyllum sp., Delnortea cf. D.abbottiae Mamay et alii, Taeniopteris cf. T. multinervis Weiss, Taeniopteris sp., ?Zamiopteris sp. e Cordaicarpus sp. A espécie Delnortea cf. D. abbottiae Mamay et alii era conhecida somente para a Formação Road Canyon (Artinskiano) no sul do Estado de Texas, como sendo uma gigantopterídea endêmica dos E.U.A.; Cordaicarpus sp., ?Sphenophyllum sp. e Taeniopteris cf. T. multinervis weiss foram pela primeira vez encontradas em Loma de San Juan. Cordaicarpus sp. pode estar relacionada com Delnortea cf. D. abbottiae Mamay et alii, embora ambas não tenham sido encontradas em conexão orgânica. ?Zamiopteris sp. Já havia sido registrada por Odreman & Wagner (1979) como membro da tafoflora de Loma de San Juan; manteve-se aqui a reserva quanto à sua classificação. A partir dessa flora foi possível concluir, que apresenta fortes relações com as floras do Permiano Inferior do sudoeste e centro-oeste dos E.U.A. Pelas características morfológicas das folhas estudadas deduz-se que elas habitaram uma região com regime climático seco, da mesma forma que as floras do Permiano Inferior (Artínskiano) do sudoeste e centro-oeste dos E.U.A., pode-se portanto, reunir essas floras em uma única formação vegetal quente e seca a qual ocupava a área tropical do centro-oeste do Pangea. Quanto à idade da tafoflora de Loma de San Juan, pode-se situá-la no Artinskiano, baseado na ocorrência de Delnortea cf. D. abbottiae Mamay et alii e pela fauna marinha associada que é semelhante à encontrada nas camadas artinskianas da Formação Road Canyon do sul do Estado de Texas. Como segundo objetivo desta dissertação foi proposto o estudo sistemático detalhado da flora de um afloramento da Formação Carache, Iocalizado na estrada Carache-Agua de Obispo. Assim Sphenophyllum foi encontrado pela primeira vez para o afloramento. Foi confirmada a ocorrência de Annularia cf. A. stellata (Schlotheim) Wood, Lobatopteris vestita (Lesquereux) Wagner, Neuropteris ovata Hoffmann e N. scheuchzeri Hoffmann mencionadas em Odreman & Wagner (1979) . Quanto à idade da tafoflora de Agua de Obispo, confirma-se a proposta por esses autores, que a situaram no intervalo Vestfaliano D-Cantabriano (Pensilvaniano Superior, limite Moscoviano-Kasimoviano) com base no grau evolutivo de Lobatopteris vestita (Lesquereux) Wagner. A tafoflora em questão tem inegáveis relações a Província FIorística Euro-americana. O terceiro objetivo proposto foi a realização de um estudo sistemático para conferir a presença de Protoblechnum no afIoramento de Quebrada Mucuchache (Formação Palmarito) em camadas de idade asseliana (Permiano Inferior). Com base no estudo do único exemplar disponível foi confirmada a presença do gênero, podendo corresponder à espécie P. wongii Halle. Floras semelhantes com a do afloramento da Formação Carache são conhecidas na Argélia e no Marrocos, em camadas de carvão do Pensilvaniano Superior, as quais também podem ser incluídas na Província Florísticas Euro-americana. Por outro lado, no Permiano Inferior, floras na Venezuela e no Marrocos são conhecidas e não possuem ambas relações com nenhuma outra do Gondwana ocidental, mas sim tem claras afinidades a primeira com a formação tropical seca do sudoeste e centro-oeste dos E.U.A., e a segunda com a província Florística Euro-americana. A porção norte do Gondwana ocidental no Neopaleozóico localizava-se nas latitudes baixas do hemisfério sul (0º a 23º). Dentro dessa área, encontravam-se a Venezuela, a Argélia e o Marrocos, nela é possível encontrar tafofloras relacionadas com a Provincia Florística Euro-americana no pensiIvaniano Superior e tafofIoras do Permiano Inferior diferentes das conhecidas dentro da Flora de Glossopteris, mas sim relacionadas com outras floras bem conhecidas na faixa equatorial do Pangea; desta forma, é possível propor a existência de um Gondwana tropical durante o Neopaleozóico.