Diferenças culturais na cducação: discursos, desentendimentos e tensões

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Kowalewski, Daniele Pechuti
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-11062010-104834/
Resumo: O principal propósito deste trabalho foi problematizar o hodierno discurso educacional que busca valorizar as diferenças culturais, hoje bastante naturalizadas. Visando entender a emergência de enunciados sobre as pluralidades, diversidades e/ou diferenças culturais no contexto educacional brasileiro, analisamos alguns documentos de âmbito federal, produzidos pelo MEC entre 1997 e 2007. Durante a pesquisa, demonstrou-se necessário mapear alguns diferentes contextos globais em que a temática da diversidade ganhou relevância, assim como as diversas correntes epistemológicas que debatem essa temática. Estabelecemos, em nossa cartografia discursiva, duas principais tendências teóricas: a teoria crítica e o pósestruturalismo. Várias são as diferenças entre elas e, mesmo em seus interiores, encontramos muitos debates. As principais características que relacionam a teoria crítica à discussão que ora propomos são: sua leitura sobre o papel atribuído à Razão, à Dialética, ao Reconhecimento Identitário e à Redistribuição de bens materiais. Já no pós-estruturalismo encontramos críticas sobre esses conceitos por meio do estabelecimento de outras ideias, que privilegiam as traduções, os hibridismos e as diferenças culturais. Os autores e documentos pesquisados, por muitas vezes, partem de diferentes perspectivas sobre a justiça, os Direitos Humanos, as comunidades ou mesmo a importância das diferenças no âmbito político. Para compreensão da dinâmica desse campo de disputas utilizamos o conceito de desentendimento, conforme postulado por Rancière. Notamos ainda, que os debates em torno de cidadanias diferenciadas ou ações afirmativas a certos grupos, somente ganham relevância em um contexto político liberal, com sua peculiar valorização dos direitos individuais. Devido a isso, estudamos as singularidades da formação das ideias liberais no Brasil. O trabalho é composto de três partes que se relacionam e três intervalos que as complementam. Na primeira parte o foco são os desentendimentos discursivos globais, na segunda parte, as singularidades do Brasil e na terceira parte a ênfase é dada sobre os discursos educacionais, na qual privilegiamos algumas diretrizes curriculares, que são descritas em detalhe para a compreensão das tendências nelas expostas, entendidas como norteadoras de práticas e novas subjetivações. Dentre vários aspectos presentes nos documentos, quatro chamaram mais nossa atenção: a produção e naturalização de determinadas vizinhanças (negros, indígenas, mulheres, deficientes, homossexuais etc), a aproximação da diversidade cultural e da biologia, a ênfase no reconhecimento e, principalmente, a construção de um discurso essencialista sobre as diferenças, notadamente nas temáticas étnico-raciais, que se erige a partir da contestação do mito da democracia racial brasileira. Na construção e análise desse tenso e imprescindível debate, utilizamos o conceito de discurso, conforme estabelecido por Foucault. Nosso desígnio foi o de fornecer subsídios para essa premente questão: a de saber o papel da escola nessa reconceitualização sobre a justiça no contexto político-social, que atualmente parece mesclar desigualdade e exclusão através de desentendimentos sobre as relações entre igualdade e diferença.