Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Cazallas, Adriano Vieira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-09042021-171540/
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Resumo: |
Preso, no fim dos anos 60, Joanides escreveu sua autobiografia, Boca do lixo, publicada em1977, mais uma \"radiografia histórica da Boca do Lixo\" do que uma autobiografia, segundo ele, narrando sua trajetória no crime, o despejo das prostitutas da zona do Bom Retiro no ano novo de 1954 e analisando sociologicamente, num viés marxista não utópico e decadentista de involução do processo histórico, a malandragem, agregada em torno das prostitutas que reuniam trabalhadores e marginalizados na boemia da cidade. É considerado o introdutor do revólver no submundo paulistano, onde predominava o uso da navalha e do punhal. Seu livro é uma engenhosa construção literária para ao mesmo tempo entreter os leitores e desconstruir a lenda de \"rei da Boca do Lixo\" criada pela imprensa. A ironia e desdém com que narrou no livro a morte de um \"caçador de bandidos\" famoso por ter o \"corpo fechado\" aponta o contraste do autor com o meio iletrado do submundo paulistano, identificando-se com o projeto europeizante de modernização da cidade, não com a cosmovisão mágico-religiosa dos trabalhadores que a erguiam e que afluíam de Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, formando e difundindo a Umbanda no eixo Rio-São Paulo, intimamente ligadas à noção de \"corpo fechado\", criticada causticamente por Joanides. Apreciando a icônica figura (produto de exportação brasileiro) de Zé Pilintra, \"gravata vermelha, terno branco e chapéu de banda\" (ponto de umbanda), Exu, e da famosa Pombogira Maria Padilha, no contexto da macumba paulista, duas narrativas se cruzam, a do rei da Boca do Lixo no submundo paulistano, contada por Joanides, e a do rei da Boemia no espiritismo brasileiro, psicodramatizadas nas incorporações mediúnicas das entidades. Da cultura popular brasileira em formação no eixo Rio-São Paulo da primeira metade do século XX, emergiu a famosa entidade espiritual que incorpora nos médiuns dos terreiros de Umbanda e trás a linha dos malandros, o \"rei da boemia, Zé Pilintra\" (fins do século XIX - 1930), mestre juremeiro do sertão nordestino que foi para a cidade e se tornou doutor. |