Ensino de argumentação em apostilados da rede pública paulista: entre o prescrito e o real

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Silva, Patrícia Souza da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-25062013-101911/
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo investigar as propostas de ensino de produção de texto argumentativo, no apostilado de Língua Portuguesa, elaborado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em 2008, e utilizado na rede pública de ensino desde então. Neste trabalho, buscamos (1) descrever o encaminhamento das atividades de ensino de redação de textos argumentativos no apostilado de Língua Portuguesa do Estado de São Paulo, (2) analisar as atividades de produção escrita que abordam o ensino do texto argumentativo (resenha, artigo de opinião e dissertação escolar) e (3) estabelecer o confronto entre as atividades de ensino de redação do texto argumentativo no Caderno do Aluno, as orientações dirigidas ao professor no Caderno do Professor e as prescrições desse conteúdo no Currículo de Língua Portuguesa. Fundamentamos a análise com o apoio teórico do conceito de texto de Bakhtin e o Círculo (1926; 1928; 1929; 1952-53; 1959-61), articulado a outros conceitos do pensamento bakhtiniano - signo ideológico, enunciado e linguagem -, o que contribui para uma concepção da linguagem como atividade humana. Nessa perspectiva, o texto é considerado como uma teia de relações entre textos, que traduzem ações humanas, marcadas social, cultural e historicamente. Recorremos, também, às contribuições do campo de estudos em argumentação denominado Nova Retórica (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2005), que tratam do conceito de argumentação, dos elementos necessários à argumentação e dos procedimentos argumentativos utilizados na construção da argumentação; elementos que nos auxiliam no aprofundamento da discussão sobre texto argumentativo. Com base nessa fundamentação, descrevemos e analisamos quatro unidades didáticas chamadas Situações de Aprendizagem, presentes em três volumes do apostilado de Língua Portuguesa, composto por doze fascículos, distribuídos aos alunos e professores do Ensino Médio. Nas atividades escolhidas, o ensino do texto argumentativo em três gêneros resenha (1ª série), artigo de opinião (2ª série) e dissertação escolar (3ª série) e a proposta de escrita nos gêneros mencionados ocorrem pela primeira vez no apostilado de Língua Portuguesa do Ensino Médio. A partir da análise desse objeto de ensino, verificamos que há um embate entre o que está prescrito no Currículo de Língua Portuguesa (2010) e o que, efetivamente, é proposto ao aluno, no que se refere ao conceito de texto e aos conteúdos de ensino do texto argumentativo. Os resultados obtidos mostraram que, no referencial curricular, o texto é considerado como um produto vivo da interação social, e o texto argumentativo deve ser a expressão de um posicionamento crítico diante da sociedade. Nas atividades analisadas, o texto é apresentado como um modelo a ser seguido, favorecendo uma prática escolar pouco voltada à cidadania, e transforma-se em uma tarefa a ser entregue ao professor, na qual o aluno não se constitui como autor, mas como reprodutor de textos. Acreditamos que entre as prescrições e as práticas escolares ainda temos um conhecimento de texto argumentativo genérico e abstrato.