Diversidade genética de variedades de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) cultivadas no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1993
Autor(a) principal: Pires, Carlos Eduardo Lins e Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11137/tde-20210104-162254/
Resumo: O presente estudo, sobre a diversidade genética envolvida no germoplasma de cana-de-açúcar em cultivo no Brasil, teve como objetivos estimar a magnitude da base genética das principais variedades comerciais e a sua divergência genética. Com base nas genealogias de 29 variedades foram calculados coeficientes de parentesco de Malécot, admitindo-se a transmissão de 50% dos genes nucleares de cada parental. Foram considerados como exceções os cruzamentos interespecíficos envolvendo genótipos de S. officinarum e os dois primeiros retrocruzamentos para esta espécie, pois as plantas das gerações F1, RC1 e RC2 recebem 2/3 dos genes do genótipo de S. officinarum e 1/3 dos genes do outro parental. Foram identificados 15 ancestrais primitivos na constituição genética das variedades, representando três espécies. Os dez ancestrais de S. officinarum contribuíram em média com 84% dos genes, sendo que 59% foram provenientes de apenas quatro desses ancestrais. A contribuição genética acumulada dos três ancestrais de S. barberi e dos dois ancestrais de S. spontaneum foi de 8, 63% e 7, 00%, respectivamente. Estes resultados permitiram concluir que a base genética das variedades estudadas é restrita. Entre as variedades nacionais, as geradas pelo programa de melhoramento da Estação Experimental de Campos apresentam, em sua constituição genética, uma participação maior de S. barberi e aquelas do Instituto Agronômico de Campinas têm uma contribuição de S. spontaneum maior, com relação às demais. A partir de dados morfométricos, obtidos em três cortes de dois experimentos conduzidos em locais distintos, aplicou-se o método multivariado Distância Generalizada de Mahalanobis (D2). As estimativas de divergência genética entre 16 variedades não apresentaram consistência diante da variação ambiental, o que pode ser explicado pela ocorrência de interação genótipos versus ambientes. Para um mesmo grupo de dados foram obtidas correlações fortes (r > 0,78) entre quatro métodos multivariados (D2, a Distância Euclidiana obtida a partir dos dados originais padronizados e a Distância Euclidiana Média obtida a partir dos escores dos componentes principais e dos escores das variáveis canônicas). As estimativas de divergência genética entre 29 variedades a partir do coeficiente de parentesco, admitindo-se que os ancestrais primitivos não são relacionados (f: iniciando com coeficiente de parentesco nulo, f = 0) apresentaram forte correlação (r = 0,97) com aquelas obtidas considerando-se os mesmos relacionados (fa: parentesco inicial estimado por RFLP e complementado por f). No entanto, os valores de f tiveram maior intervalo de variação do que fa, possibilitando uma melhor discriminação dos resultados. A maior divergência genética foi verificada entre as variedades Co331 e Co997 (f = 0,014) e a menor entre NA56-79 e as variedades RB725828, SP71-799, SP71-1406 e SP71-6163 (f = 0,673). Cada uma das variedades estudadas pode ser considerada geneticamente divergente de pelo menos uma outra. Na média, as variedades Co331 (f = 0,115) e NA56-79 (f = 0,389) foram, respectivamente, as que apresentaram maior e menor divergência das demais. Comparando-se as estimativas de divergência genética obtidas a partir do coeficiente de parentesco, não foi verificada correlação entre f e Distância Generalizada de Mahalanobis, a partir de dados morfométricos. Houve correlação moderada (r = 0,46) entre as estimativas de f e a divergência genética obtida da literatura através do uso de marcadores moleculares (RFLP). Neste caso, as duas metodologias apresentaram eficiência prática semelhante, uma vez que entre as combinações mais divergentes a maioria foi coincidente.