Figurações do grotesco nas narrativas curtas de Clarice Lispector: o fenômeno como disparador do Unheimlich, das inversões e do (des)equilíbrio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Ormundo, Wilton de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-12082009-163845/
Resumo: Há muitas menções à estética do grotesco na produção literária de Clarice Lispector, todavia sem que esse tema seja apresentado em primeiro plano pela crítica que se ocupa dos estudos da obra da autora. Privilegiou-se, desde o lançamento do primeiro romance da escritora, em 1943, o enfoque dos instantes epifânicos positivos, dos temas metafísicos, das leituras de viés existencialista e da investigação do fracasso da linguagem, permanecendo em segundo plano um lado obscuro também presente em sua produção ficcional. O presente trabalho se dedica a investigar de que maneira a tradição do grotesco, sobretudo aquela estudada por Kayser, Bakhtin e Victor Hugo, está presente na obra literária de Clarice Lispector, especialmente nas narrativas curtas A menor mulher do mundo, Macacos, Perdoando Deus, A bela e a fera ou A ferida grande demais, Um dia a menos e A solução. A análise desses textos nos revela que esse fenômeno parece servir a propósitos bem específicos na autora: o de constituir um disparador de determinadas emoções, como o Unheimlich freudiano, nos personagens que se defrontam com a figuração do grotesco, acionando, por oposição, a percepção de um Belo faltante, ausente, o que cria o espaço da desarmonia e do desequilíbrio. Por outro lado, as várias formas grotescas apresentadas por Clarice parecem não se fixar rigidamente, elas são difusas e voláteis, de modo que estão sempre em metamorfose.