A educação não é privada?: o Novo Ensino Médio e o velho caráter ilusório do trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Amaral, Fabio Soares do
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-06012025-185728/
Resumo: A pesquisa, sob o título \"A educação não é privada? O Novo Ensino Médio e o velho caráter ilusório do trabalho\", sustenta que a escola pública se constituiu dentro do invólucro da relação capital-trabalho tendo, ilusoriamente, a formação para o trabalho como um dos seus fundamentos principais, procurando estabelecer, em diversos territórios, uma relação entre educação, emprego e salário. Porém, a partir da revolução da microeletrônica, essa relação afirmativa não se mantém socialmente, pois há dispensa de trabalho cada vez maior e o desemprego em massa se torna um problema permanente. Bem distante dessa consideração, as ilusões de uma formação para o trabalho são redobradas. Estas, consolidadas no conceito de \"capital humano\", vão permear os currículos escolares em escala mundial. No processo histórico mais recente do capitalismo, a forma neoliberal, pautada no \"capital humano\" e reunida ao capital financeiro, através dos seus mecanismos de mobilização globais e locais, promovem ações privatistas através das novas reformas educacionais. No Brasil, isso vem ocorrendo com a implementação da Base Nacional Comum Curricular e do Novo Ensino Médio. Esses \"novos currículos\" propõem soluções mágicas, através de um conjunto de \"competências e habilidades sócio emocionais\", tais como, ter um projeto de vida, ser resiliente, educado financeiramente, empreendedor de si mesmo, e apresentando esses currículos como um caminho seguro para atingir o mérito necessário e, por consequência, realizar-se no trabalho e prosperar na vida. Ao fazer isso, naturaliza as diferenças entre os indivíduos a partir do esforço individual. Nessa forma de violência, o indivíduo é privado de uma educação crítica e se prende ao velho caráter ilusório do trabalho, passando a exigir de si próprio um empreendedorismo, buscando potencializar os atributos supostamente requeridos - e inflados ilusoriamente - para ser bem sucedido. Nesse processo, as recentes reformas educacionais, buscam transformar a escola em uma empresa e a educação em mercadoria. O ensino, sob direção privada, tenta formar o indivíduo neoliberal, velando as contradições do capitalismo e escondendo o infortúnio dos autômatos modernos, em sua imensa maioria, privados de se inserir positivamente na sociedade do trabalho, tendo suas vidas ameaçadas e submetidas às mais diversas e perversas formas de violência. Essas investidas, no entanto, não anulam as discussões, contestações e controvérsias. Já que os processos sociais são complexos e o espaço da escola permanece em disputa, há resistências e é possível estabelecer relações que encorajem a crítica, agucem o pensamento e promovam práticas que proponham novas relações sociais capazes de superar as formas fetichistas da sociabilidade capitalista